quarta-feira, outubro 24, 2007

O País dos pequenos feudos - 4ª parte


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Vassalagem perante um suserano

Com uma estrutura dirigente cada vez mais fechada, obedecendo a regras remuneratórias que impede a contratação de gestores ou especialistas de topo, selecionada por critérios de lealdade politica, as reformas que surgem no papel perdem o sentido e assumem-se como mero factor de perturbação que prejudica o funcionamento dos serviços, prejudicando quem neles trabalha e as populações que deles necessitam.

Não fora o investimento em tecnologias de informatização, acompanhadas de uma formação insuficiente e sem a revisão de métodos que as potencie, muitas das estruturas e serviços existentes estariam completamente paralisados, incapazes de cumprir qualquer função que não a de dar emprego aos seus funcionários, cada vez mais escassos, e a um número de chefias que teima em manter-se.

Não podemos esquecer que, segundo as estatísticas disponíveis, em Portugal cerca de 30% dos empregos são obtidos através de conhecimentos pessoais, sendo que, obviamente, estão em causa os cargos ou funções de maior prestígio ou rentabilidade, já que para várias profissões nos vemos forçados a usar mão de obra emigrante.

Nesta percentagem, que destrói qualquer princípio básico de competência ou de mérito, entra um cada vez maior número de nomeações ou promoções por via de confiança política, mesmo quando em causa está um cargo ou posição cujo desempenho é predominantemente de ordem técnica, sendo que as qualificações, currículo ou experiência prévia parecem de menor importância face a um conjunto de valores etéreos que ninguém ousa defenir.

Propicia-se assim um sistema de fidelidade que, em termos histórico-culturais, podemos designar como de vassalagem, onde o trabalhador deve a sua lealdade e obediência não ao Estado que lhe paga, mas ao dirigente que o contrata, mantendo ao seu serviço um conjunto de funcionários cujas qualificações e desempenho se enquadram apenas no perfíl de quem os selecionou.

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