Temos, por outro lado, o problema das carreiras e da avaliação do desempenho, excessivamente centradas no indivíduo e que têm em pouco apreço aspectos de integração e os resultados da equipa ou serviço em que este se insere.
Numa altura em que a mobilidade é palavra de ordem, a possibilidade de equipas de funcionários poderem propor, por sua própria iniciativa, assumir uma determinada missão ou desenvolver um projecto que considerem necessário no âmbito das suas funções ou, caso estejam em regime de mobilidade, numa outra área para a qual estejam qualificados e vocacionados, seria não apenas desejável, mas um estímulo no sentido de formar, reintegrar e reutilizar quem sinta a vocação de continuar a servir o interesse público.
Mas tal possibilidade implica que existe o direito de iniciativa, sendo que tal tem como contrapartida uma menor dependência dos funcionários de uma estrutura hierárquica rígida, facto que, infelizmente, não se enquadra no imobilismo que continua a presidir, em termos orgânicos, ao modelo actual da Administração Pública, mesmo tendo em conta as alterações recentemente introduzidas.
Infelizmente, muito da heranças cultural proveniente de outros tempos mantém-se nos dias de hoje, do que resulta uma dificuldade de comunicação interna, nomeadamente quando um funcionário quer propor algo a uma chefia que, normalmente não sabe como acolher ou lidar com a iniciativa de um subordinado.
Este relacionamento, aliado a critérios de avaliação dúbios e a uma crescente partidarização das hierarquias, onde a promiscuidade e a confusão entre cargos de confiança política e de carreira tem vindo a aumentar, com um pendor cada vez maior no sentido de previlegiar a ligação partidária e desfavorecer o mérito, traduz-se em imobilismo e na adopção de um perfil discreto onde a ausência de iniciativa pessoal surge como a melhor defesa contra eventuais arbitrariedades.
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