domingo, novembro 25, 2007

Presidente visita distrito desertificado da Guarda


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Uma aldeia num Interior deserto

Durante a visita de Cavaco Silva à região da Guarda, as declarações que fez em Gouveia, apenas podem ser interpretadas como um incentivo, mas dificilmente traduzem o que se passa numa das zonas mais despovoadas de Portugal.

Se bem que o Presidente da República tenha falado de iniciativa das autarquias e dos empresários, mencionado a melhoria evidente das vias de comunicação, bem como várias outras vantagens, nas quais se pode incluir uma menor carga fiscal para as empresas, existe um conjunto de mensagens políticas que não podem ser ignoradas e comprometem todas as restantes.

Referimo-nos, concretamente, ao encerramento de unidades de atendimento de urgência e à perda de valências das unidades de saúde, que tornam as populações vulneráveis, afastam os residentes e desencorajam eventuais novos habitantes, mas também ao fim de muitas escolas que, tendo ainda alunos em número suficiente para garantir a socialização e a educação dos estudantes, são encerradas a favor de centros educativos massificados e longe das populações.

Poucos, sobretudo entre os mais novos, aqueles que têm família e filhos de pouca idade, ainda em idade escolar ou menos do que isso, aceitarão o risco de se fixar numa zona do País onde não existam uma infraestrutura em termos de cuidados de saúde e de estabelecimentos de educação que permita condições de segurança e de aprendizagem equiparados às de quem reside nos maiores centros urbanos.

Esta vertente, para a qual os mais educados estão particularmente alerta, acaba por determinar o fracasso de muitas das iniciativas das autarquias e dos empresários da região, sendo da responsabilidade do Estado, que tomou decisões que violam princípios básicos de subsidariedade e solidariedade nacional, corrigir um caminho que só leva à exclusão.

Na verdade, a actual política de desenvolvimento regional, baseada apenas em opções de controle do défice, entrecortada por algumas pseudo vantagens secundárias, continua a desertificar um País a duas velocidades, cujos habitantes residentes junto à fronteira com Espanha sobrevivem com base nos serviços prestados no país vizinho onde cada vez um maior número dos nossos compatriotas vive e trabalha.

Infelizmente, continua-se a viver na ilusão de que algumas medidas desgarradas, que não têm real impacto nas empresas e nas populações, podem contrariar algo que é iniludível como a proximidade de uma economia forte e em crescimento cujo acesso está apenas a poucos quilómetros de auto-estrada, sendo esta a principal utilidade das vias rápidas construidas no Interior do País.

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