quinta-feira, dezembro 06, 2007

Vai demorar um ano e meio a substituir o helicóptero que caiu


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Um Eurocopter AS350 B3 num voo de teste

É estimado em não menos de ano e meio o período necessário para substituir o Eurocopter AS 350 B3 que colidiu com um obstáculo em Melgaço, causando a morte do piloto.

A Empresa de Meios Aéreos (EMA) já solicitou informações junto da fábrica francesa, mas a lista de espera para este modelo impede uma substituição rápida do Ecureil.

O conselho de administração da EMA já se reuniu para analisar o acidente de que resultou a perda do aparelho, mas continua a remeter esclarecimentos relativamente ao sucedido para os inquéritos em curso por parte Instituto Nacional de Aviação Civil e da Inspecção-Geral da Administração Interna.

Entre as dúvidas surgem questões relativas à formação do piloto, o número de horas de voo efectuadas com este aparelho, o treino específico para este tipo de missões e todas as outras variáveis que são essenciais para apurar responsabilidades e para poder accionar os seguros.

Tal como mencionamos, na altura foram alugados dois meios aéreos, ficando os dois dos helicópteros da EMA alocados a eventuais "situações de emergência" no âmbito das atribuições do Ministério da Administração Interna (MAI), enquanto o terceiro está "em manutenção programada".

Devemos confessar que a coincidência de uma "em manutenção programada" pareceu algo estranha, sobretudo se tivermos em atenção as datas e o historial destes aparelhos, pelo que mais parece uma forma de retirar de serviço um helicóptero que não se quer ver a operar.

Em Janeiro, de acordo com o previsto, o efectivo operacional da EMA aumentará com a inclusão dos Kamov, que após a aceitação deverão ser devidamente registados, segurados e declarados como aeronaves de Estado, após o que se seguirá a formação dos pilotos em áreas específicas relacionadas com as missões a desempenhar.

Após um início de actividade desastroso, com a perda de um aparelho e a morte de um piloto, que se segue a uma série de polémicas que vêm desde a altura da sua criação, a EMA pode também ver-se privada de qualquer vertente comercial, alocando ao MAI meios que seriam úteis noutro tipo de missão e assim se vêm imobilizados.

A ideia que nasce desta alocação de meios e de uma "manutenção programada" é a de tirar do ar os helicópteros da EMA, evitando novos acidentes, mas duplicando custos com o aluguer de meios de combate aos fogos quando estes deveriam ser da responsabilidade dos meios adquiridos pelo Estado.

Mas o que é certamente mais grave é que, com mais ou menos custos, todos os helicópteros se podem substituir, mas o mesmo não acontece com as vidas humanas que se perdem e para as quais é necessário que se faça justiça.

É importante que este acidente, tal como o de outros profissionais que perderam a vida em missões relacionadas com a segurança ou o socorro, não sejam esquecidos e que os relatórios sejam divulgados com o máximo de brevidade sem escamotear o que realmente sucedeu.

Diz o povo português, na sua infinita e tantas vezes menosprezada sabedoria, que "o que nasce torto tarde ou nunca se endireita", sendo que este ditado parece aplicar-se com especial propriedade ao início de actividade da EMA e, sobretudo, ao actual titular do MAI, que esperamos seja substituido numa eventual remodelação governamental.

4 comentários:

E disse...

Olá.

Essa do obstáculo há certeza? Não foi uma rajada de vento que "desequilibrou" o heli?

É normal haver "manutenção programada" em aeronaves. Esta depende da máquina, da sua utilização, período de tempo da última inspecção, problemas detectados pelo piloto que levam a adiantar a manutenção "preventiva", e do ambiente que a aeronave opera que pode degradar muito o estado da aeronave.

Lembro-me que um heli MD520 depois de uma missão de combate a incêndios, juntamente com transporte de uma pequena brigada de bombeiros (um abraço aos Bombeiros do Sardoal), teve que ter uma "manutenção inopinada" para retirar as folhas, galhos, pó e cinza que se tinha alojado no filtro de ar para a turbina (provavelmente foi substituído).

Muita coisa pode acontecer e um heli não é o nosso veículo que só vai à inspecção de 4 em 4 anos.

A formação dos pilotos dos Kamov já está a decorrer há bastante tempo.

Não creio que há-de haver qq vertente comercial da EMA como já te disse, que ao qual têns uma opinião em contrário.

Quanto ao "nasce torto, tarde ou nunca se endireita", desafio-te a apresentares um modelo organizacional/operacional mais ajustado para a EMA.

Nuno Cabeçadas disse...

Há manutenções mais programadas do que outras e alguma são-o por conveniencia.

Em relação à EMA já disse o que tinha a dizer, basta ler os textos anteriores.

É uma estrutura empresarial inútil que gere algo que pode ser feito por um simples departamento do MAI ou da ANPC com menores custos e sem viciar as contas do Estado.

É fácil de ver que a EMA não apresenta benefícios de gestão e que serve para desorçamentar o MAI, algo que parece ser a política actual do Governo que vai privatizando ou fazendo EP's para disfarçar as contas e diminuir o défice das contas públicas.

Qualquer dia temos a PSP-EP ou a Força Aérea SA.

E disse...

Bem, do meu partido até "compro" essa ideia. Parece-me que o PSD já está à venda com o actual rumo das coisas.

Nuno Cabeçadas disse...

O passo seguinte é ser cotado na bolsa, ter um chairman e um CEO e acionistas em vez de militantes.

Mesmo que não ganhe eleições, se der dividendos, até que pode ser uma opção a ter em conta.

Vai pensando nisso, porque a política ainda deve ter facetas a explorar.

Um abraço