segunda-feira, janeiro 28, 2008

Impacto no socorro do aumento de serviços de transporte - 2ª parte


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Ambulância dos bombeiros em Lisboa

O impacto que esta política tem a nível da disponibilidade de ambulâncias e tripulações, enquanto meios de socorro, cada vez mais necessários à medida que as distâncias entre potenciais vítimas e os locais de atendimento aumentam, não foi, manifestamente, estudado ou analisado, pelo que se pode prever que o desgaste rápido que vão sofrer estes meios e os seus tripulantes terá consequência severas a médio prazo.

Submeter um sistema de socorro a um esforço prolongado, sobrecarregando-o com missões que deveriam ser da responsabilidade de outras entidades, pode levar a um colapso em zonas onde uma combinação de factores, como o maior número de quilómetros a percorrer, a escassez de efectivos e meios ou as dificuldades climáticas resultem num desgaste rápido.

Por outro lado, não foi devidamente acautelada a saúde financeira das corporações, que suportam a esmagadora maioria dos serviços, nem a sua disponibilidade em termos de meios e de efectivos, sendo que a maior exigência horária, aliada a uma desertificação do Interior, pode resultar na necessidade de recorrer cada vez mais a pessoal contratado.

Esta possibilidade, de que pode resultar o colapso financeiro das corporações com menos recursos, arrastaria consigo não apenas o sistema de socorro, mas a própria assistência médica, cada vez mais dependente do sistema de evacuação e transporte, resultando em sérios problemas não apenas na prestação do socorro, mas de cuidados médicos primários às populações.

Verifica-se que, efectivamente, houve muito pouco planeamento e uma evidente falha no equacionar de todos os efeitos colaterais resultantes do encerramento de unidades de saúde, sendo que as consequências não serão imediatas, mas irão agravar-se à medida que o dispositivo de socorro, devido à sobrecarga de trabalho, aumentar o tempo de resposta ou começar a falhar em alturas de maior pressão.

As reais consequências desta política, que classificamos como desastrosa, será sentida, sobretudo, no próximo Verão, quando a combinação de incêndios florestais, férias e desgaste de meses de esforço acrescido se farão sentir com maior intensidade e mais graves efeitos nas populações do Interior.

Esta previsão, que esperamos não se verifique, mas que acreditamos estar devidamente fundamentada, significa, inevitavelmente, perda de vidas humanas e um cada vez maior risco para os que desempenham missões na área do socorro, resultante de uma combinação de maior desgaste, aumento dos quilómetros a percorrer, maior sentido de urgência e pressão contínua para manter em funcionamento um dispositivo em franca degradação.

Espera-se que nos meses que medeiam até ao próximo Verão, uma análise cuidadosa e o bom senso levem à adopção de medidas que estabilizem e melhorem o actual dispositivo e reponham o nível de segurança existente antes das absurdas modificações a que assistimos nos dias de hoje.

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