Quando surge algum problema de falta de coordenação, comunicação ou simples incompetência, é normal pensar que as novas tecnologias são uma espécie de panaceia para todos os males e dispensam o mais elementar dos raciocínios.
Após o descalabro público resultante do atendimento a uma vítima de queda, em Alijó, a primeira ideia não é a de atacar a raiz do problema, seja repensando o encerramento das urgências hospitalares, seja a nível da formação e da profissionalização do socorro, mas tão somente a de instalar um sistema de orientação nas ambulâncias.
Colocar um GPS nas viaturas de emergência, e nem sequer estamos a falar de um sistema capaz de transmitir a sua posição para uma central de coordenação, foi a solução proposta, aliada à referenciação geográfica das chamadas de pedido de socorro, há muito prometido, mas sempre adiado por razões mais financeiras do que técnicas.
Na verdade, se pensarmos nas vantagens do sistema e as aplicarmos ao que ocorreu em Alijó, provavelmente nada teria mudado, com a excepção da conversa inicial onde a operadora poderia ter identificado a origem da chamada sem mais delongas, mas a partir daí não teria sido o facto de as ambulância terem um GPS que teria aumentado a sua disponibilidade, nem este equipamento podia aumentar a velocidade de uma viatura de emergência médica que se deslocava em condições climáticas difíceis.
As novas tecnologias são essenciais como complemento, com uma mera ferramenta capaz de potenciar aquilo que uma estrutura organizada e bem treinada, mas não corigem erros estruturais ou organizacionais nem substituem uma formação profissional adequada.
Adicionar novas ferramentas a um profundo erro pode, no limite, ter um efeito perverso de apaziguar críticas, acalmar ânimos e simular uma tentativa de resolução do problema, mas rapidamente ser revelará um castelo de cartas e os efeitos da sua implementação serão pouco mais do que o dispêndio inútil de verbas que seriam mais bem aplicadas noutra área, como na formação de pessoal ou na manutenção das urgências em locais isolados.
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