O ministro demissionário, Correia de Campos
A falta de credibilidade resultante de uma política que consideramos errada, aliada a uma manifesta incapacidade de explicar as alterações que pretendia introduzir no Serviço Nacional de Saúde, cujas consequências para os cidadãos todos conhecemos, tornavam insustentável a manutenção por mais tempo de Correia de Campos à frente do ministério da Saúde sem que as cada vez maiores dificuldades que enfrentava permitissem qualquer acção governativa.
A ausência de planeamento, a opção por encerrar antes de implementar alternativas, a ideia de que o socorro pode substituir serviços de urgência, as deficiências de coordenação entre instituições e organismos e todo um extenso conjunto de problemas que, tal como tantos outros, temos vindo a denunciar e condenar, há muito que antecipavam este desfecho, não obstante as palavras do titular do cargo, presente diariamente em noticiários televisivos onde tentava esconder as evidências.
No entanto, não é a substituição do ministro que, só por sí, vai resolver os problemas que se têm avolumado, que resultam não apenas da acção anterior protagonista, mas de uma linha política determinada a nível superior e que envolve outros decisores que se mantêm em funções.
Esta será, sobretudo, uma oportunidade para credibilizar o ministério da Saúde, mas, mantendo-se a mesma linha de acção, as tréguas serão curtas e a nova titular do cargo em breve estará numa situação semelhante à do seu predecessor, com a desvantagem de uma muito menor tolerância perante qualquer novo incidente que surja.
Caso este temporário "estado de graça" não seja utilizado para suspender um conjunto de medidas que, independentemente do seu mérito, só podem avançar quando todo o conjunto em que se incluem estiver completo e depois de devidamente explicadas às populações, o desgaste da nova titular do cargo será extremamente rápido e em breve não terá maior autoridade política do que o seu antecessor.
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