Apesar de se ter verificado uma substancial redução da área ardida no ano de 2007, as perdas resultantes dos incêndios florestais não se reduziram na mesma proporção e atingiram perto de 100.000.000 de euros.
Em termos comparativos, os 31.450 hectares ardidos em 2007 estão perto de 15% da média dos cinco anos anteriores, mas os prejuizos resultantes não acompanharam esta redução, ficando por um terço dos 300.000.000 de euros médios dos últimos anos.
O relatório da Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), para além de diversas considerações relativas ao combate e aos prejuizos provocados, analisa as excepcionais condições meteorológicas e o seu efeito na área ardida e dá um especial destaque aos elevado número de incêndios ocorridos em Novembro.
Na análise ao combate aos fogos, aponta-se como uma das falhas principais o trabalho de rescaldo e o elevado número de reacendimentos e a necessidade de uma melhor qualidade a nível de investigação, de modo a caracterizar melhor as origens dos incêndios, uniformizando os critérios e os procedimentos seguidos nos vários distritos do País.
Também a rapidez de intervenção melhorou, com 87% das intervenções a realizarem-se em menos de 20 minutos após o alerta, aproximando-se muito dos 90% previstos para 2012, do que resultaram incêndios que, na sua maioria, foram de curta duração.
No extremo oposto, houve ainda 0.5% de ocorrências em que a primeira intervenção só se verificou mais de uma hora após o alarme, mas o relatório falha na apreciação qualitativa dos meios utilizados e da eficácia destes no combate às chamas.
Um dos factos mais relevantes do relatório da DGRF é o facto de não haver uma proporção directa entre a diminuição de área ardida e de prejuizos, o que indicia que as zonas afectadas serão, em média, mais valiosas do que as perdidas em anos anteriores.
Esta constatação ganha força se nos lembrarmos que, após os anos em que os fogos devastaram indescriminadamente as zonas rurais, tem havido uma tendência para os incêndios incidirem sobre as áreas mais protegidas ou resguardadas, nestas incluindo os parques ou reservas naturais.
Tendo em conta a insuficiente reflorestação feita nos últimos anos, de que resulta uma substancial diminuição da floresta, a tendência será a de continuar a haver uma percentagem substancial de áreas protegidas ou de elevado valor económico a serem atingidas, embora a extensão da área ardida tenda, em termos médios, a diminuir de forma análoga à da floresta portuguesa.
Assim, após uma fase inicial em que ardeu essencialmente mato ou floresta de escasso valor económico, contribuindo para limpar áreas abandonadas, os incêndios vão tender a concentrar-se cada vez mais em zonas produtivas ou de interesse ambiental, resultando daí esta desproporção entre a área queimada e o seu valor.
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