quarta-feira, março 26, 2008

Queda de Dromader resultou de erro do piloto - 2ª parte


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Um Dromader PZL M-18 em acção

Finalmente, o relatório considera que a formação do piloto, que foi considerado apto a pilotar os Dromader em Julho, no mês anterior ao acidente, cumpriu os requisitos mínimos legalmente estabelecidos, tendo efectuado 2:22 horas de treino, das quais 1:28 foram treino operacional e o restante tempo de voo trânsito entre aeródromos.

O GPIAA também recomendou à Aeronorte, empresa que operava o avião, incluir no manual de procedimentos as altitudes a observar durante o cumprimento deste tipo de missões.

É, no entanto, ressalvado que a experiência do piloto Luís Santos, que tinha mais de 5.500 horas de voo, era essencialmente obtida nos bimotores amfíbios Canadair, tendo apenas 80 horas as comandos dos pequenos Dromader, que operam de forma completamente diferente.

A consequência desta situação paradoxal, a de o piloto estar legalmente qualificado e não ter, pelo menos aparentemente, a necessária experiência, deve levar as entidades oficiais a reflectir quanto às exigências mínimas para pilotar nas difíceis condições que resultam das missões de combate aos fogos.

Era, pois, expectável que as várias entidades envolvidas fossem ilibadas, fazendo recair a responsabilidade sobre o piloto que, mesmo tendo cometido um erro, só pode operar nestas circunstâncias devido à permissividade legislativa que, manifestamente, servem os interesses das empresas que operam no sector e, indirectamente, o próprio Estado, para quem se torna mais fácil alugar meios em caso de urgência.

Este facilitismo, resultante de um nivelar por baixo típico na socidedade portuguesa, onde as estatísticas parecem importar mais do que o desempenho, traduz-se num elevado preço a pagar por parte dos elos mais vulneráveis e expostos de uma cadeia que, sendo analizada, enferma de fragilidades que poucos ousam denunciar.

Após a conclusão deste inquérito, fica pendente a investigação relativa ao acidente fatal ocorrido com um Eurocopter da Empresa de Meios Aéreos, que caiu no concelho de Melgaço em Novembro do ano passado, no qual também foram levantadas dúvidas quanto às qualificações e experiência do piloto que aí perdeu a vida.

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