quinta-feira, junho 26, 2008

Automóvel particular substitui ambulância - 2ª parte


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Uma ambulância do INEM em Lisboa

O porta-voz do INEM, reconhece que o CODU recebeu uma chamada e o 112 outras duas chamadas, mas alega que em nenhum dos três contactos foi efectuado qualquer pedido de socorro ou dada informação sobre o estado clínico da vítima que permitisse avaliar da gravidade da mesma, presumindo-se que será esta a razão pela qual não foram activados meios.

Presumimos que este caso, que foi reportado de imediato à Administração Regional de Saúde do Alentejo, dê origem a um processo de averiguações no sentido de esclarecer quais as razões pelas quais os meios não foram activados, não podendo excluir-se, para já, a sua não disponibilidade, sobretudo se nos lembrar-mos que a equipa da VMER tem falta de elementos, do que resulta uma sobrearga de trabalho para outras unidades.

Obviamente, caso as gravações das chamadas fossem disponbilizadas, seria possível confirmar esta versão, mas parece estranho que nas chamadas efectuadas a partir do Centro de Saúde não tenha sido prestada qualquer informação sobre o estado da criança, para além de que seria expectável que houvesse uma resposta imediata a um pedido de uma unidade onde está em funções pessoal médico.

O socorro em diversas áreas do Interior, com uma especial incidência no Alentejo, tem-se revelado problemático, com numerosas situações de atraso ou não comparência dos meios adequados, sem que tenham sido implementadas soluções que evitem a repetida perda de vidas humanas ou traumas graves que resultam da demora na prestação de cuidados médicos.

Igualmente grave, é a falta de um controle de qualidade externo do INEM e a não divulgação do resultado dos inquéritos que se seguem a situações onde o atendimento não terá sido, alegadamente, o mais adequado, deixando a dúvida permanente quanto ao serviço prestado por esta entidade.

Apesar de promessas repetidas e declarações demagógicas, o socorro no Interior de Portugal continua a sofrer de manifestas carências não só em termos de meios, mas também de coordenação e organização, do que resultam óbvios perigos para as populações que aí residem.

É lamentável que o abandono a que está votado o Interior continue a obrigar muitos dos seus habitantes a deslocar-se para as grandes cidades no Litoral, do que resulta uma cada vez maior desertificação, potenciada pelo encerramento de serviços do Estado, cuja manutenção é considerada injustificável perante o escasso número de utentes, mas que acaba por levar a novas vagas de migrações.

Enquanto este ciclo não for interrompido, este processo inexorável vai agravar a situação dramática que se vive no Interior do País, cada vez mais vulnerável a crises sociais ou tragédias naturais, resultando num encapotado aumento de despesas e de subsídiso que se manifestam incapazes de resolver problemas de raiz estrutural.

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