Uma operação policial durante a noite
A cobertura dada pela comunicação social tem como vertentes principais a criminalidade propriamente dita, as acções policiais, sobretudo as que envolvem maior número de efectivos e as declarações de responsáveis políticos ou operacionais a que podemos adicionar a expressão da opinião pública ou do sentir popular.
A profusão de notícias a que assistimos resulta, naturalmente, do reconhecido aumento da criminalidade grave ou violenta, mas o impacto real destas, para além dos factos em sí, deriva também de um conjunto de factores que vão desde o tempo dispensado ao alinhamento dos noticiários, passando pelo enquadramento e pelos comentários, sempre subjectivos, dos próprios jornalistas ou repórteres, muitas vezes reforçadas pela opinião de especialistas na matéria.
Sem pretender ocultar a situação, que é manifestamente preocupante e tende a agravar-se, de acordo com o estudo das estatísticas existentes, a construção de muitas das peças noticiosas tende a transformar todas as ocorrências, medidas governamentais ou intervenções políciais numa espécie de circo mediático cujo principal objectivo é o aumento das audiências onde a objectividade se perde e a especulação é fomentada.
Mas não será apenas a comunicação social a responsável, pois o próprio Governo, a reboque da opinião pública, alimenta esta vaga noticiosa através de medidas avulsas, declarações que, de tão absurdas, levam as audiências a imaginar o pior e, como corolário, uma série de operações policiais inconsequentes, feitas à medida das televisões e não em função da resolução dos problemas resultantes do aumento da criminalidade.
As recentes e repetidas operações policiais de grande envergadura, às quais é dada uma extensa cobertura noticiosa, em nada contribuem para diminuir o clima de insegurança generalizado, pois concentram-se em bairros considerados como problemáticos, onde existem óbvios problemas, mas onde não reside a criminalidade organizada e cada vez mais especializada que realmente preocupa os portugueses.
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