sábado, setembro 06, 2008

A criminalidade da moda - 1ª parte


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Uma operação policial durante a noite

Abordamos recentemente o quase abandono da temática dos fogos florestais por parte da comunicação social, substituido pelo tema da falta de segurança que merece uma reflexão por incluir um conjunto de aspectos lamentáveis de falta de rigor e de critério que roçam a mera propaganda.

A cobertura dada pela comunicação social tem como vertentes principais a criminalidade propriamente dita, as acções policiais, sobretudo as que envolvem maior número de efectivos e as declarações de responsáveis políticos ou operacionais a que podemos adicionar a expressão da opinião pública ou do sentir popular.

A profusão de notícias a que assistimos resulta, naturalmente, do reconhecido aumento da criminalidade grave ou violenta, mas o impacto real destas, para além dos factos em sí, deriva também de um conjunto de factores que vão desde o tempo dispensado ao alinhamento dos noticiários, passando pelo enquadramento e pelos comentários, sempre subjectivos, dos próprios jornalistas ou repórteres, muitas vezes reforçadas pela opinião de especialistas na matéria.

Sem pretender ocultar a situação, que é manifestamente preocupante e tende a agravar-se, de acordo com o estudo das estatísticas existentes, a construção de muitas das peças noticiosas tende a transformar todas as ocorrências, medidas governamentais ou intervenções políciais numa espécie de circo mediático cujo principal objectivo é o aumento das audiências onde a objectividade se perde e a especulação é fomentada.

Mas não será apenas a comunicação social a responsável, pois o próprio Governo, a reboque da opinião pública, alimenta esta vaga noticiosa através de medidas avulsas, declarações que, de tão absurdas, levam as audiências a imaginar o pior e, como corolário, uma série de operações policiais inconsequentes, feitas à medida das televisões e não em função da resolução dos problemas resultantes do aumento da criminalidade.

As recentes e repetidas operações policiais de grande envergadura, às quais é dada uma extensa cobertura noticiosa, em nada contribuem para diminuir o clima de insegurança generalizado, pois concentram-se em bairros considerados como problemáticos, onde existem óbvios problemas, mas onde não reside a criminalidade organizada e cada vez mais especializada que realmente preocupa os portugueses.

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