quarta-feira, maio 24, 2006

Concessionários das auto-estradas devem criar acessos a florestas


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Uma das muitas auto-estradas sem acesso

A Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), organismo tutelado pelo Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, quer que os concessionários das auto-estradas criem acessos directos das vias aos maciços florestais circundantes e reservas de água aproveitando a chuva, disse à Lusa uma fonte daquele organismo oficial.

Responsáveis da DGRF reuniram-se com todas as entidades gestoras das auto-estradas de Portugal, tendo-lhes sido apresentado um "caderno de acções" que devem executar no âmbito do programa "Defesa da Floresta Contra Incêndios".

"Foram analisadas todas as actividades que as auto-estradas estão a desenvolver para prevenir incêndios, junto dos principais eixos rodoviários portugueses e que se resumem ao corte e remoção do mato no separador central e numa faixa lateral de acordo com a legislação em vigor (dez metros)", referiu a mesma fonte.

"É salutar verificar que já começa a ser visível a preocupação de defender a floresta contra incêndios, nomeadamente naquelas auto-estradas onde no passado existiram focos de incêndio resultado do comportamento inconsciente dos utentes, como lançar pontas de cigarro pela janela do automóvel" adiantou a DGRF.

"É certo que uma percentagem significativa dos incêndios nos últimos anos teve uma ignição, comprovada, junto às bermas e imediações da rede viária. Quando isso acontece, além dos danos da floresta, já por si avultados, há milhares de pessoas e mercadorias que sofrem com os cortes de estradas que são efectuados por causa do fogo", disse a mesma fonte.

A Direcção-Geral dos Recursos Florestais pretende dos concessionários mais do que o trabalho de corte e remoção do mato no separador central das auto-estradas e nas faixas laterais, embora considere essa acção muito positiva.

Nesse sentido e para "prevenir o futuro", a DGRF elaborou um conjunto de medidas que visam diminuir a probabilidade de início de incêndio na berma das auto-estradas e dificultar a propagação de incêndios nascentes.

"Neste plano de acção estão incorporadas medidas infraestruturais que passam pela criação de acessos directos das vias a maciços florestais circundantes e a criação de reservas de água aproveitando as águas pluviais", explicou a DGRF.

Solicitada a revelar mais pormenores do plano apresentado aos concessionários das auto-estradas, a mesma fonte disse tratar-se de "um documento interno que está a ser analisado por todos os interessados que, por enquanto, se vai manter nesse âmbito".

A DGRF pretende, também, obter junto da população em geral "uma necessária mudança de comportamentos" em termos de prevenção de incêndios, pelo que irá contactar os utilizadores das vias, através de campanhas de sensibilização nas auto-estradas e em todos os equipamentos a elas associados, nomeadamente estações de serviço e áreas de descanso.

Se bem que a ideia de criar acessos para os bombeiros seja positiva, necessita de um extremo cuidado a nível quer da implementação, quer da segurança dos novos acessos, evitando usos abusivos das novas entradas sobretudo por parte de populações que se sentem excluidas pelos traçados.

Por outro lado, o principal problema das ignições nas proximidades de vias de comunicação não ocorre junto das auto-estradas, mas em vias secundárias pouco cuidadas e vigiadas, onde o mato chega praticamente ao alcatrão.

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