Os helicópteros que servem as equipas do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR não estão certificados para helicordagem, o que constitui uma limitação no acesso a alguns cenários de fogo.
A falta de certificação para helicordagem, descida por cordas a partir de um helicóptero em voo estacionário, tem sido minimizada, por a técnica ser "pouco usada" no combate a fogos e "na perspectiva da GNR, estamos a ser transportados prioritariamente para o helicóptero aterrar".
"Quando as condições não permitirem, ou pousamos o mais próximo possível ou regressamos à base", explica o major Paixão, comandante do GIPS, que remete a questão de certificação dos aparelhos para o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil.
Deste organismo, a resposta é lacónica, dizendo que "os hélis não têm o sistema de helicordagem instalado porque não é necessário para o ataque inicial", mas o facto é que esta questão pode inviabilizar a intervenção do GIPS caso não haja áreas de aterragem próximas do objectivo.
O obstáculo é o mais flagrante entre outras dificuldades a nível de logística com que as várias secções do grupo se têm confrontado na fase de instalação no terreno, mas também as comunicações têm levantado problemas num universo onde a falta de uniformidade de meios leva a incompatibilidades entre os equipamentos utilizados pelos vários intervenientes na mesma operação que, por vezes, encontram no telemóvel o único meio comum a todos os participantes.
"Sabemos que o nível de exigência é alto e de alguma forma temos todos os olhos postos em nós. Mas as críticas até têm constituído uma motivação adicional e sinto que estes homens querem demonstrar que são capazes", descreve o capitão Antunes, comandante da 1ª Companhia do GIPS, sedeada na Lousã.
Desde dia 15 que o GIPS começou a operar, embora nesta fase com apenas cerca de metade dos meios, ficando com o efectivo completo a partir de Julho, com a chamada "Fase Charlie" do dispositivo de combate a fogos.
A estreia no contacto com as chamas deu-se na quinta-feira passada e é descrita pelo comandante da companhia com orgulho. "Em Figueiró dos Vinhos ardeu meio hectare, junto à vila. Actuámos em parceria com os bombeiros e correu muito bem", garante este oficial.
Depois da desconfiança inicial com que a criação do GIPS foi recebida, o capitão Antunes acredita que a cooperação vai imperar e já iniciou contactos com comandos de corporações de bombeiros e tenciona efectuar reuniões de trabalho "para nos darmos a conhecer e assim dirimir eventuais conflitos".
Relativamente à criação do GIPS, já nos pronunciamos por diversas vezes e continuamos a considerar que teria sido mais eficaz se o investimento fosse feito na profissionalização e equipamento de bombeiros experientes.
Assim, temos uma força pouco experiente mas dotada de equipamentos de qualidade muito superior ao dos bombeiros, com uma capacidade de mobilidade superior à destes, mas com uma menor capacidade de combate e preparada para suportar apenas períodos de intervenção extremamente curtos.
Também a questão das comunicações é particularmente sensível, sendo absolutamente necessário compatibilizá-las antes de tentar colocar no terreno em operações conjuntas quem possa vir a ter dificuldades em manter o contacto.
Em termos de opção táctica, parece-nos errada, e como mensagem política, surge como particularmente infeliz, fruto de uma falta de diálogo que parece imperar a vários níveis e que pode ter consequências delicadas em situações futuras.
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