Incêndio florestal em Portugal no Verão de 2005
"A gestão tem de ser assumida pelos detentores da floresta e apoiada pelas entidades públicas", afirmou o ministro da Agricultura, Jaime Silva, adiantando que 93% da floresta portuguesa é detida por privados.
Considerando os sapadores florestais como os "actores principais da silvicultura preventiva", Jaime Silva destacou o "trabalho de fundo que leva anos a fazer" para mudar a situação das florestas portuguesas.
O governante disse também que existem instrumentos financeiros e que o Governo apoia um novo ordenamento florestal, mas, avisou, "não se pode limpar num dia o que não se limpou durante 30 ou 40 anos", cita a agência Lusa.
Segundo os protocolos hoje homologados, cada associação recebe do Estado 35.000 euros anuais por equipa de cinco elementos, um apoio que corresponde a 50% do custo total da equipa.
Aquele montante mantém-se fixo durante o período de cinco anos que dura o protocolo, na vigência do qual o acordo será objecto de uma avaliação por parte da Direcção-Geral de Recursos Florestais, podendo ser estendido por mais cinco anos.
O ministro da Agricultura assumiu que falta à floresta portuguesa "aquilo que durante anos não se fez", dar-lhe sustentabilidade económica de modo a que os proprietários e empresários percebam que há uma aposta económica a fazer, há apoios do Governo e "ganham os proprietários, o país e a economia nacional".
Jaime Silva frisou que a mensagem a deixar às gerações futuras é a de que a floresta "não é para arder", desafiando os proprietários a juntarem-se e criarem zonas de intervenção florestal, tal como já tem vindo a acontecer em várias áreas do País.
"Têm apoio para a reflorestação, para a gestão activa e têm uma parceria para criar equipas de sapadores florestais, que durante o Inverno limpam a floresta e durante os meses críticos participam no comando único que combate os fogos florestais", afirmou ainda o ministro.
Existe uma óbvia necessidade de equipas permanentes de sapadores florestais, essenciais em termos dos trabalhos de limpeza e prevenção que têm falhado ao longo dos anos, mas estas deverão ser complementadas por outras medidas a nível sócio-económico.
Com efeito, sem uma política de desenvolvimento do Interior e esquecendo a necessidade de envolver a sociedade civil, as equipas de sapadores dificilmente poderão ter exito numa campanha que depende em muito da viabilidade sócio-económica das regiões onde vão operar e da rentabilidade das actividades florestais.
Nos últimos tempos, tem sido enviada a mensagem política errada relativamente ao desenvolvimento do Interior e à necessidade de aí fixar as populações, dado que mesmo propostas e medidas tecnicamente correctas, quando não explicadas, são interpretadas como uma forma de centralizar os recursos do Estado nas regiões mais previlegiadas e desenvolvidas do Litoral.
Torna-se cada vez mais necessário enviar uma nova mensagem de solidariedade, dirigida sobretudo a quem ainda resiste nas zonas cada vez mais desertificadas e empobrecidas do País, mas também alertando os restantes portugueses para a necessidade de um esforço de unidade que, provavelmente, obrigará a alguns sacrifícios por parte das regiões que têm sido mais beneficiadas pelas políticas de desenvolvimento dos últimos anos.
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