sábado, maio 20, 2006

Helicópteros só atacam fogos num raio de 25 quilómetros


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Kamov Ka32A do Ministério das Emergências Russo

Os helicópteros disponíveis para combater incêndios só o fazem se estes ocorrerem num raio de cerca de 25 quilómetros, medidos a partir do local onde estão estacionados, do que resulta que uma parte muito significativa do território ficará sem cobertura de meios aéreos até 1 de Julho.

São os casos dos concelhos de Vila Real e Alijó, onde, na passada quinta-feira, dois incêndios tomaram grandes proporções, mobilizando cerca de 100 bombeiros sem que o único helicóptero do distrito, estacionado em Vidago, fosse accionado.

Segundo o secretário da Administração Interna, Ascenso Simões, "estes meios são para usar em primeira intervenção, ou seja, num raio de cerca de 25 quilómetros, e para estarem no terreno no máximo em 20 minutos, caso contrário, e num incêndio que tome grandes proporções, é como apagar a lareira em casa com um conta-gotas. Seria só para gastar dinheiro".

O vice-presidente da Câmara de Alijó, Adérito Figueira é da opinião contrária e interroga-se "para que queremos um helicóptero parado? É um vergonha e uma incompetência", acrescentando: "os helicópteros só servem para o senhor ministro (António Costa) e o senhor secretário de Estado (Ascenso Simões) passearem, porque eles percebem tanto de incêndios como eu de lagares de azeite no Alentejo".

Adérito Figueira diz que, devido à falta de meios aéreos, o incêndio de Alijó, que começou cerca das 11:00, acabou por só ser extinto às 19:00.

António Araújo, secretário técnico da Liga dos Bombeiros Portugueses, reforça que, "sobretudo nesta primeira fase, em que há menos meios aéreos, o raio de intervenção devia ser alargado".

A 1 de Julho, o país entra na "Fase Charlie", no que se refere aos incêndios e estarão disponíveis 34 helicópteros e 17 aerotanques , que segundo Ascenso Simões garantem uma "cobertura de 90% do território", mas durante a fase actual, a "Bravo", só estão operacionais oito helicópteros e dez aerotanques, com utilizações tácticas mais do que discutíveis.

Embora seja acertada a opção de atacar os incêndios na fase nascente, o facto de ultrapassar essa fase nunca deveria resultar na não utilização automática de meios aéreos, sobretudo se atentarmos ao facto de qualquer fogo ser uma situação de risco para quem o combate.

Nitidamente, as contas são feitas relativamente aos custos para o Estado dos danos provocados pelo incêndio versus custo de utilização dos meios, sem que factores como os prejuizos para as populações, o acréscimo dos riscos no combate ou mesmo a eventualidade da perda de vidas entre nesta estranha contabilidade.

A opção por só utilizar helicópteros se a incidência for a menos de 25 quilómetros, refugiando-se numa opção táctica, não passa, portanto, de uma medida economicista, de forma a reduzir consumos de combustível e diminuir as horas de voo, independentemente das consequências que daí resultem para as populações atingidas ou para os bombeiros que no terreno combatem as chamas.

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