Pedro Paraíso, director-geral da Lusitânia - Agência de Desenvolvimento Regional, que concebeu e aplicou o "Sistema de Informação para a Prevenção Florestal" (SIPF), explicou em Santa Comba Dão que "o objectivo é tentar minimizar o tempo de alerta e de identificação daquilo que se chama a georeferenciação dos fogos florestais".
Segundo o responsável, o sistema permitirá poupar "entre 10 a 15 minutos por cada detecção", possibilitando às corporações de bombeiros fazerem um ataque mais eficaz.
A fase-piloto de funcionamento do sistema aconteceu na campanha de 2005, em 22 postos de vigia do distrito de Viseu e actualmente, está pronto a funcionar em 66 postos de vigia do país (32 no Centro, 23 no Norte e 11 no Sul), número que a partir de 01 de Junho aumentará para 238.
Pedro Paraíso explicou que o SIPF permitirá, através da utilização da tecnologia GSM, substituir a rede de rádios que existe nos postos de vigia, nos Centros de Prevenção e Detecção (CPD) e nos Centros Distritais de Operações de Socorro (CDOS), e que tem demonstrado fragilidades.
"A rede de rádio só pode ter um interveniente de cada vez a falar, com a que utilizámos todos os postos de vigia, todos os CDOS e CPD estão interactivamente na operação e em onze segundos temos a identificação da georeferenciação do fogo florestal", disse aos jornalistas depois de uma simulação, em Santa Comba Dão, de como funciona o sistema.
Até agora, o operador do posto de vigia, através de uma mesa de ângulos e dos binóculos, determinava o azimute, ou seja, "um ângulo que, através de uma recta imaginária, consegue determinar a localização de uma cortina de fumo".
"O operador pegava num rádio e comunicava ao CPD que estava a ver uma coluna de fumo, o CPD perguntava como era ela e andavam para trás e para a frente com esta situação", explicou, adiantando que "com o SIPF, depois de detectar através da mesa de ângulos e dos binóculos a cortina de fumo, o operador em causa digita num aparelho o azimute, informação que segue para o sistema como se de uma simples mensagem de telemóvel se tratasse".
O sistema detecta "qual é o posto de vigia que está nas imediações" e que deve mandar o outro azimute e interpela-o, permitindo "uma triangulação, coisa que não era possível no passado".
Uma vez encontrada a localização do fogo através do cruzamento dos azimutes, o CDOS, "que está a ver on-line tudo o que se está a passar", comunica com a corporação de bombeiros mais próxima, acrescentou.
A instalação do sistema está actualmente concluída nos 18 CDOS e CPD do país.
Zona de Gouveia em mapa com projecção 3D
Também, segundo as notícias publicadas, é necessário que haja confirmação automática da resposta e que eventuais danos provocados pelos incêndios não impeçam a rapidez de comunicação que se pretende alcançar.
Por outro lado, o sistema de triangulação, dado que este continua a ser feito através do cruzamento de azimutes a partir de dois ou mais postos, implica que só após dois postos terem avistado o fogo, é possível dar início ao processo de localização.
O facto de ser um sistema automático a determinar o posto que fará a triangulação, para além de ter necessidade de uma programação exacta que tenha em conta questões topográficas, evitando contactar um posto que, mesmo sendo o mais próximo, pode não visibilidade, acaba por continuar a depender quase exclusivamente da acção do observador.
O processo que propusemos, utilizando cartografia digital, com "software" comercial de baixo custo capaz de gerar mapas tridimensionais, permite a um único operador, colocando o cursor no local do fogo, obter coordenadas rigorosas, que podem ser de imediato transmitidas a meios aéreos ou a um centro de coordenação, através de um sistema de georeferenciação.
Com a configuração do terreno em formato tridimensional no sistema informático, tal como surge em formato reduzido na imagem apresentada, a comparação com o que se visualiza é facilitada e permite decisões rápidas e acertadas que podem dispensar informações adicionais, de modo a enviar um alerta mais rápido a partir do próprio equipamento.
No entanto, a solução no futuro passará por um sistema inteiramente automatizado e centralizado, com recurso a satélites da rede europeia (ESA) e sondas terrestres, cujo tempo de resposta será tendencialmente imediato e que esperamos ver em breve em testes operacionais.
3 comentários:
Pena ter durado pouco tempo...pelo menos no distrito de coimbra.
Pena ter durado pouco tempo...pelo menos no distrito de Coimbra.
Foi breve em toda a parte, apesar de alguns concelhos terem tentado prolongar a iniciativa.
Abraço
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