segunda-feira, maio 29, 2006

Área ardida será reduzida nos próximos anos


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Incêndio florestal a 4 metros de um veículo

O ministro de Estado e da Administração Interna, António Costa, sustentou, em Lisboa, que é possível reduzir de forma significativa "as ignições e a área ardida" resultante dos incêndios florestais em Portugal.

"Sabemos que o problema dos incêndios é complexo, mas temos metas ambiciosas e dizemos "não" à renúncia ou ao conformismo. Podemos fazer bastante melhor, em comparação, por exemplo, com Espanha e França", acrescentou António Costa, que intervinha na sessão final do colóquio "Fogos Florestais: Desafios e Respostas", organizado pela Comissão Parlamentar Eventual para os Fogos Florestais.

Depois de referir que a reflexão sobre a questão dos incêndios "exige a convocatória de múltiplos saberes, da academia aos produtores florestais", António Costa realçou uma série de medidas governamentais executadas ou em fase de preparação para melhorar o combate aos fogos florestais.

O ministro da Administração Interna referiu, nomeadamente, a criação do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) na orgânica da Guarda Nacional Republicana para o combate de primeira intervenção aos fogos nascentes, através de equipas helitransportadas, que vêm reforçar as que já existiam em corporações de bombeiros e em associações de produtores florestais.

António Costa deu também ênfase à criação do Sistema Integrado de Operações de Protecção e Socorro (SIOPS), que é um conjunto de normas e procedimentos que asseguram que todos os agentes de Protecção Civil actuam, no plano operacional, articuladamente sob um comando único, sem prejuízo da respectiva dependência hierárquica e funcional.

Outra medida referida pelo ministro da Administração Interna foi a recente adjudicação do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP).

Utilizando tecnologia digital, o SIRESP estará instalado e a funcionar em todo o país dentro de três anos e meio, garantindo a possibilidade de todos os agentes do sector do socorro e da segurança comunicarem entre si, o que não é assegurado pelos actuais sistemas de rádio.

O técnico da Direcção-Geral dos Recursos Florestais, João Pinho apresentou um retrato dos fogos no colóquio parlamentar, que contou com a participação não só de deputados e governantes, mas também de agentes do sector dos Bombeiros e Protecção Civil e estudiosos do fenómeno dos incêndios.

"No Verão de 2003, Portugal assistiu à pior época de incêndios florestais de sempre. Vinte pessoas morreram em consequência directa dos fogos e quase 4.000 famílias foram directamente afectadas. A superfície ardida totalizou cerca de 420.000 hectares, valor quatro vezes superior à média dos dez anos anteriores, correspondendo a 8,5% da superfície arborizada, o que não teve paralelo nos países vizinhos, nem em qualquer outro país ocidental nas décadas mais recentes", adiantou João Pinho.

Sabemos, no entanto que o SIRESP irá demorar anos a estar operacional, com prioridade para as forças de segurança em detrimento dos bombeiros, que provavelmente só daqui a muito tempo estarão integrados neste sistema de comunicações.

Seria conveniente que, entretanto, se compatibilizassem meios, nomeadamente em termos de rádios e se instalasse uma base de comunicações digitais, mesmo que não encriptadas, que cobrissem todo os território nacional e permitissem uma forma, mesmo que rudimentar, de localização dos intervenientes.

No entanto, não é apenas com uma melhoria das comunicações, mas da coordenação operacional que se pode esperar uma melhoria significativa, pelo que o anúncio de um instrumento não pode ser equiparado à resolução de um problema prático para o qual a formação no uso destas novas ferramentas é essencial.

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