segunda-feira, julho 10, 2006

Vai ser instaurado um inquérito para apurar causa da morte de bombeiros


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Bombeiro durante um fogo florestal

O Ministério da Administração Interna já mandou instaurar um inquérito para apurar as causas da morte de seis bombeiros, no combate a um incêndio na freguesia de Famalicão da Serra, concelho da Guarda, tendo o titular da pasta dirigido-se ao local do acidente, tal como o tinha feito o Secretário de Estado Ascenso Simões.

Os seis homens morreram quando uma rotação de vento fez propagar de forma imprevisível as chamas, na altura em que combatiam o fogo através da construção de um aceiro, ou seja, de uma linha de contenção que é feita no terreno para permitir travar e combater as chamas.

Segundo algumas informações no local, na altura do acidente, o helicóptero tinha-se ausentado para reabastecer de água, não tendo sido possível evacuar os elementos no terreno.

Em conferência de imprensa na sede do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), em Carnaxide, o Comandante Operacional Nacional, Gil Martins, afirmou hoje que "só o inquérito vai permitir saber se a equipa estava bem posicionada e se a organização de trabalho escolhida foi a mais indicada".

Acrescentou ainda que "os incêndios florestais são imprevisíveis e traiçoeiros" e que Famalicão da Serra é "uma zona montanhosa com ventos locais".

O Comandante Operacional Nacional admitiu, no entanto, que "alguma coisa não correu bem, embora, em termos técnicos, apenas o inquérito possa determinar o que falhou".

Assim, quando as condições meteorológicas se alteraram, parte dos bombeiros ainda conseguiram alcançar uma zona de segurança, mas os cinco sapadores chilenos das equipas helitransportadas da Afocelca e o bombeiro de São Gonçalo ficaram cercados pelas chamas, acabando por morrer.

Também a Afocelca, associação de empresas do sector da celulose para a qual trabalhavam os cinco chilenos, anunciou que será instaurado um inquérito para apurar as causas do acidente.

Lembramos que dois sapadores chilenos também a trabalhar para a Afocelca, faleceram há três anos no combate a um incêndio florestal e que esta empresa contribui com 3 helicópteros ligeiros e duas centenas de sapadores para o dispositivo nacional de combate aos fogos florestais.

Notícias recentes adiantam que foi detido pela Guarda Nacional Republicana um indivíduo, suspeito de ter sido o responsável pelo incêndio onde morreram estes 6 bombeiros.

Espera-se que haja um inquérito rápido e rigoroso e que não nos voltemos a deparar com uma série de contradições, de justificações fatalistas e de chavões que impeçam o apuramento da verdade.

Infelizmente, já nada pode ser feito para salvar os bombeiros que morreram neste acidente, mas o facto de muitos inquéritos não serem conclusivos, refugiando-se em ambiguidades e evitando denunciar erros ou falhas, impede que se tirem as necessárias elações e se salvem outras vidas.

Esta responsabilidade e este dever para com os que faleceram e para com aqueles que continuam a combater as chamas, é um dever de quem dirige o combate aos incêndios a nível político e operacional e cuja falha em apurar responsabilidades e aprender lições é absolutamente indesculpável.

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