Bombeiro durante um fogo florestal
Os seis homens morreram quando uma rotação de vento fez propagar de forma imprevisível as chamas, na altura em que combatiam o fogo através da construção de um aceiro, ou seja, de uma linha de contenção que é feita no terreno para permitir travar e combater as chamas.
Segundo algumas informações no local, na altura do acidente, o helicóptero tinha-se ausentado para reabastecer de água, não tendo sido possível evacuar os elementos no terreno.
Em conferência de imprensa na sede do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), em Carnaxide, o Comandante Operacional Nacional, Gil Martins, afirmou hoje que "só o inquérito vai permitir saber se a equipa estava bem posicionada e se a organização de trabalho escolhida foi a mais indicada".
Acrescentou ainda que "os incêndios florestais são imprevisíveis e traiçoeiros" e que Famalicão da Serra é "uma zona montanhosa com ventos locais".
O Comandante Operacional Nacional admitiu, no entanto, que "alguma coisa não correu bem, embora, em termos técnicos, apenas o inquérito possa determinar o que falhou".
Assim, quando as condições meteorológicas se alteraram, parte dos bombeiros ainda conseguiram alcançar uma zona de segurança, mas os cinco sapadores chilenos das equipas helitransportadas da Afocelca e o bombeiro de São Gonçalo ficaram cercados pelas chamas, acabando por morrer.
Também a Afocelca, associação de empresas do sector da celulose para a qual trabalhavam os cinco chilenos, anunciou que será instaurado um inquérito para apurar as causas do acidente.
Lembramos que dois sapadores chilenos também a trabalhar para a Afocelca, faleceram há três anos no combate a um incêndio florestal e que esta empresa contribui com 3 helicópteros ligeiros e duas centenas de sapadores para o dispositivo nacional de combate aos fogos florestais.
Notícias recentes adiantam que foi detido pela Guarda Nacional Republicana um indivíduo, suspeito de ter sido o responsável pelo incêndio onde morreram estes 6 bombeiros.
Espera-se que haja um inquérito rápido e rigoroso e que não nos voltemos a deparar com uma série de contradições, de justificações fatalistas e de chavões que impeçam o apuramento da verdade.
Infelizmente, já nada pode ser feito para salvar os bombeiros que morreram neste acidente, mas o facto de muitos inquéritos não serem conclusivos, refugiando-se em ambiguidades e evitando denunciar erros ou falhas, impede que se tirem as necessárias elações e se salvem outras vidas.
Esta responsabilidade e este dever para com os que faleceram e para com aqueles que continuam a combater as chamas, é um dever de quem dirige o combate aos incêndios a nível político e operacional e cuja falha em apurar responsabilidades e aprender lições é absolutamente indesculpável.
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