A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) já tem pronto um relatório destinado ao Ministério da Administração Interna com perto de uma centena de páginas, sendo a mais crítica das associações do sector, insistindo na necessidade de uma "séria e rigorosa" avaliação da "Fase Charlie", que terminou no último sábado.
Também a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) já iniciou a avaliação a nível distrital, mas só fará um balanço final na reunião do Conselho Executivo, que vai ocorrer a 21 de Outubro.
Tal como a ANBP, também a LBP, na pessoa do seu presidente, Duarte Caldeira, considera que a primeira quinzena de Agosto deve ser profundamente analisada, dado ter sido a fase mais crítica deste Verão.
Para o presidente da LBP "é relevante avaliar dados como os períodos de um incêndio com mais meios em operação, a percentagem de reacendimentos, as horas de ignição e extinção e parâmetros do género, para perceber se este ano foi circunstancialmente bom em termos de área ardida, ou resulta de uma melhoria estrutural", para além de ser necessário evitar "mitos ilegítimos" como o que diz haver em torno do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da Guarda Nacional Republicana (GNR).
Para Duarte Caldeira houve avanços na área da primeira intervenção e na gestão de meios aéreos, enquanto os principais problemas se verificaram na coordenação e na estrutura hierárquica.
Para o presidente da Associação Portuguesa dos Bombeiros Voluntários, Paulo de Jesus, que esteve no terreno. houve "descoordenação em muitos casos", no que é seguido por Pedro Moura, da Portucel e do grupo de empresas Afocelca, para quem "subsistirem algumas capelas", mas que tem uma opinião positiva da coordenação, considerando que este ano "nunca houve perda de controlo".
Este responsável considera, no entanto, que é necessário evoluir e aponta três vectores essenciais que incluem a profissionalização, formação e aprofundamento do comando único.
Exceptuando a questão do GIPS, cujo futuro tentamos perspectivar num texto recente, a maioria das avaliações apontam, por um lado, para uma melhor coordenação e, por outro, para uma incapacidade de resposta do sistema em situações de maior pressão, como as ocorridas na primeira quinzena de Agosto.
Também concordamos com a perspectiva do presidente da LBP quando insiste na necessidade de verificar se as melhorias foram estruturais ou circunstanciais, dado que o critério da área ardida é inútil e pode, no limite consubstanciar um exito de 100% quando nada mais houver para arder.
No entanto, para além dos parâmetros enunciados por Duarte Caldeira, é importante saber quais as alterações em termos de formação, organização, comunicações, tácticas e coordenação e de que forma estas influiram no combate às chamas, sempre sem esquecer que o problema dos incêndios florestais é de nível estrutural e não pode ser encarado numa perspectiva meramente reactiva.
Enquanto não houver por parte das entidades responsáveis a decisão política de começar a transferir para a prevenção, com tudo o que implica em termos de desenvolvimento económico-social a nível regional e local, o principal esforço, continuaremos a encarar este problema a nível de um mero controle de danos que, por muito eficaz que seja, será sempre insuficiente para quem é directamente atingido por este flagelo.
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