terça-feira, janeiro 30, 2007

SNBPC vai averiguar actuação de bombeiros da Parede


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Uma boca de incêndio

O Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) já mandou instaurar um processo de averiguações ao incêndio que no domingo passado vitimou duas mulheres na freguesia de S. Domingos de Rana, no concelho de em Cascais.

Nas reportagens televisivas, vários populares presentes no local, acusaram os bombeiros de terem demorado demasiado tempo a chegar, de o efectivo e equipamento ser insuficiente e de ter havido falhas nas ligações das mangueiras às bocas de incêndio.

Na sequência destas acusações, o SNBPC vai averiguar se a resposta operacional dada pelo Corpo de Bombeiros Voluntários da Parede foi a adequada, mas as dificuldades que derivam da falta de acesso imediato às bocas de incêndio ou à falta de pressão de água irá também ser investigado.

Segundo representantes de associações da classe, como na do presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, Fernando Curto, esta é uma situação recorrente que deriva da falta de uniformização dos equipamentos e de não haver um registo exacto dos modelos, de modo a haver as chaves e ou os adaptadores apropriados.

Para este dirigente associativo, "por vezes a pressão da rede de água municipal é tão fraca que temos dificuldade em abastecer as viaturas e fazer chegar a água a um segundo ou terceiro andar".

Para Duarte Caldeira, presidente da Liga de Bombeiros Portugueses, a falta de água nas bocas-de-incêndio é outra das dificuldades com que os bombeiros se defrontam no combate a fogos urbanos, mas "às vezes também falta água nos marcos, mas isso acontece por falta de água na rede pública".

O planeamento urbano, algo que é particularmente esquecido em Portugal, obriga a ter em atenção não apenas aspectos relacionados com a qualidade da habitação, das envolventes ou das acessibilidades, mas de todo um conjunto de factores que, por serem menos intuitivos e imporem condicionalismos que por vezes chocam com critérios de rentabilidade, são muitas vezes omitidos.

Esta situação é particularmente grave em áreas de edificação densa, pouco estruturada e com falta de acessibilidades, como acontece em diversos bairros nos arredores dos grandes centros urbanos, ou em áreas antigas e degradadas no interior das cidades, onde a proximidade das habitações, os materiais utilizados e a própria idade dos habitantes dificulta o socorro.

O sucedido em S. Domingos de Rana é, infelizmente, o resultado de um conjunto de circunstâncias das quais muitas podiam ter sido previstas e acauteladas através de um planeamento urbanístico mais rigoroso e de inspecções periódicas, capazes de verificar se os meios e as acessibilidades permitiam uma intervenção suficientemente rápida para ser eficaz.

Enquanto o factor primordial que determina o crecimento descontrolado da malha urbana for o lucro de alguns, situações semelhantes têm todas as condições para voltar a suceder, independentemente dos investimentos nos meios de socorro e da capacidade de resposta que estes ofereçam, facto que é, normalmente, omitido quando se equaciona a qualidade de vida nas cidades portuguesas.

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