Apartamento em chamas em S. Domingos de Rana
Normalmente, o visado, aquele que acaba por ser reponsabilizado, tende a ser o elo mais fraco, que podem ser os bombeiros que acorreram, quem cometeu um acto de negligência ou o trabalhador camarário que, muitas vezes por excesso de trabalho ou falta de formação adequada, não verificou o funcionamento de equipamento que, neste caso, pode ser uma boca de incêndio.
Nunca, em caso algum, são responsabilizados os serviços que não impoem normas e procedimentos periódicos de verificação, os que cortam os orçamentos, limitando seriamente o trabalho inspectivo ou quem tem a seu cargo a organização e a distribuição de meios de socorro.
Basicamente, não há uma análise das verdadeiras causas, mas tão somente das consequências, nas quais não podem ser incluidas apenas as que derivam dos incidentes, mas a própria forma como o socorro é estruturado e organizado.
Se considerarmos apenas como causa a operação em sí, muitas vezes previamente condenada ao fracasso, como resultado de factores organizativos que em tudo são alheios à componente operacional, os resultados dos inquéritos acabam por servir apenas o propósito de ilibar a estrutura hierárquica, deixando o ónus de qualquer deficiência para quem, não obstante todos os condicionalismos e limitações, continua a prestar auxílio a quem dele necessita.
Neste caso concreto, ocorrido na freguesia de S. Domingos de Rana, em Cascais, dificilmente assistiremos à responsabilização de quem adquiriu bocas de incêndio de modelos incompatíveis com os das mangueiras, eventualmente porque eram mais baratos, ou quem gere a rede de água e permite que a pressão esteja abaixo dos valores mínimos para que esta possa alcançar o local das chamas.
Em contrapartida, a falta de meios inicialmente enviados, as opções tácticas do responsável pelas operações no terreno ou mesmo a conduta individual de cada bombeiro presente, serão avaliadas e passíveis de uma responsabilização que, no mínimo, devia ser partilhada.
Entretanto, relatórios que há muito deviam estar concluidos, como o do acidente de Famalicão da Serra, são esquecidos por todos quantos não têm mortos para chorar.
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