terça-feira, julho 17, 2007

Quando é que a comunicação social se lembra dos incêndios?


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Notícia de capa num jornal em 2005

Na sequência de um texto publicado no "blog" Corta Fogo, queremos lembrar o papel da comunicação social, que já abordamos no passado, na cobertura e na abordagem de toda a problemática dos incêndios florestais.

Excluindo aquilo a que podemos chamar "informação-espectáculo", baseada em imagens de choque, onde as chamas, o esforço dos bombeiros ou o desespero das populações são centrais, muitas vezes sem qualquer tipo de informação que ajude a enquadrar as imagens, a problemática dos incêndios florestais raramente merece algum protagonismo na comunicação social portuguesa.

Mesmo situações pouco claras, como as adjudicações por ajuste directo envolvendo elevadas verbas, passam ao lado quer da comunicação social, quer da própria agenda política, apesar da apetência demonstrada por tudo o que possa estar rodeado de polémica.

Infelizmente, os temas essenciais não noticiados e, menos ainda, debatidos ou analisados pelo que questões tão essenciais como o modelo de desenvolvimento que se pretende para o País, a regionalização ou a própria coesão nacional, tantas vezes colocada em perigo devido ao abandono a que estão votadas larga zonas do Interior, continuam ausentes dos orgãos de comunicações social, acabando por ser confinados a publicações regionais ou artigos de opinião presentes na Internet.

Temas complexos e amplamente noticiados, como a morte de bombeiros em Famalicão da Serra, foram rapidamente esquecidos e nunca os jornalistas pressionaram as entidades governamentais no sentido de divulgar as conclusões dos inquéritos e dos relatórios feitos após o acidente.

Provavelmente este ano, se as previsões se confirmarem e a área ardida for comparativamente pequena, os incêndios florestais apenas surgirão nas televisões e imprensa generalista caso se verifique alguma tragédia, após o que serão rapidamente substituidos por temas que atraiam maior atenção por parte das audiências.

Consideramos que o papel da comunicação social não é o de se limitar a fornecer o tipo de informação que as audiências preferem, seguindo critérios de mera rentabilidade que podem resultar na submissão a meras opções económico-financeiras, mas o de ir mais longe e contribuir para que o público tenha acesso a um conjunto de dados que permita avaliar de forma realista o que se passa no País e no Mundo.

Lamentavelmente, e com poucas excepções a quem prestamos a devida homenagem, poucos são os orgãos informativos que têm acompanhado ao longo de todo o ano os temas que aqui abordamos na esperança de que não sejam esquecidos pelo poder político e pelo público em geral.

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