quarta-feira, dezembro 12, 2007

Partido Político - Sociedade Anónima


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Uma sessão na bolsa de Nova Iorque

O Líder estava desgostoso, frustrado pelas sondagens que não lhe dão a popularidade que ambiciona e distante de qualquer aspiração ao poder e, sobretudo, do mérito que julga possuir.

Também já não se sente estimulado quando o chamam "presidente" ou "secretário-geral", epítetos que de tão gastos já pouco prestígio encerram, sonhando agora com títulos que misturem o prestígio e a actualidade.

Mesmo a sede, onde repousa a história do partido, parece ultrapassada e cheia de fantasmas de um passado com que não se identifica, incapaz de albergar os serviços que imagina para o futuro e, menos ainda, sem possibilidade de albergar os eventos sociais a que almeja.

Talvez o passo seguinte seja converter o vetusto partidos político, cuja estrutura organizacional há muito está ultrapassada, numa sociedade anónima, dirigida por um "chairman" ou por um "Chief Executive Officer" (CEO), que permita afastar-se do abismo em que a impopularidade o faz mergulhar.

Ocorre-lhe que a etapa subsquente será a de cotar um partido na Bolsa de Valores, atribuindo acções aos militantes-accionistas que poderão reforçar o seu peso político adquirindo mais acções, transacionveis ao valor de mercado.

Esta possibilidade poderia parecer chocante aos mais puristas, é bem mais transparente do que pagar quotas a militantes falecidos, que nem depois de partir deste Mundo podem repousar em paz, longe das controvérsias e dos escândalos que o seu voto involuntário apoiou.

E tal como acontece com os clubes de futebol, boa parte do valor das acções depende dos resultados, das sondagens, novas contratações, leia-se adesões, ou outros factores que podem condicionar o valor daquilo que passa a ser muito mais do que um simples capital político.


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O jogo da bolsa em computador

Mais do que simples acções transacionáveis, estas poderão, em determinadas alturas, normalmente coincidentes com vitórias eleitorais, dar um dividendo especial, também conhecido como cargo de nomeação política, a que corresponde, tipicamente, a valorização da carteira de investimentos de cada accionista.

Teremos, portanto, aquisições, fusões, "spin-off's", as inevitáveis OPA's, provavelmente hostís, e toda uma série de operações financeiras taxáveis, tão do agrado do Ministério das Finanças, que assim encontrará uma nova forma de receita, não obstante as isenções fiscais que rodeiam certas actividades especulativas muito especialmente quando esta é de carácter político-partidário.

Temos, portanto, o partido-empresa, uma sociedade anónima de capitais privados que será regido por um conjunto de regras mais exigentes do que as ditadas por um orgão de nomeação política, como o Tribunal Constitucional, passando a ser supervisionado pelos especialistas da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), do que resulta uma maior transparência para todos.

Podem, alguns, criticar esta opção que parece fazer desaparecer qualquer conteúdo programático, mas com a ideologia cada vez mais esquecida e as diferenças entre as várias forças partidárias cada vez mais ténues, tornando-as quase indistintas no conteúdo, será esta uma das formas de atrair novos interessados para a vida política, dando-lhes de forma legítima, clara e transparente o que muitos nem nos seus mais recondidos sonhos confessam.

2 comentários:

E disse...

HAHAHAAH..

Parece um Partido que eu bem conheço.

Nuno Cabeçadas disse...

E que bem pode servir de inspiração, mas penso que o problema é geral.

Um abraço