terça-feira, janeiro 15, 2008

Ambulância do INEM custa 3 a 5 vezes uma dos bombeiros


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Ambulância dos bombeiros de Tomar

A Liga de Bombeiros Portugueses (LBP) concluiu que uma ambulância de socorro pertencente ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e com uma tripulação do próprio INEM custa entre três a cinco vezes mais do que uma com tripulação de corporações de bombeiros.

Este problema é hoje mais premente, dado o encerramento de unidades de saúde e a sua suposta substituição por ambulâncias de suporte básico (SBV) ou imediato de vida (SIV), as quais têm vindo a aumentar em número e, consequentemente, a custar cada vez mais ao Estado.

Obviamente, e para que não haja dúvidas, não se está a entrar em conta com as Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) que, pela sua especificidade e por incluirem um médico e equipamentos diferenciados saem bastante mais dispendiosas, mas também desempenham outro tipo de missões.

Segundo as contas da LBP, uma ambulância tripulada por elementos do INEM pode custar até 12.000 euros por mês, considerando um total de cinco tripulações de dois elements cada, necessárias para um escalas permanentes, enquanto apenas paga entre 2.500 a 3.500 euros aos bombeiros, dependente do número de missões.

As contas foram feitas com base nas 184 ambulâncias de bombeiros em PEM (Posto de Emergência Médica), uma pequena parte das mais de 1.200 ambulâncias de socorro pertencentes às corporações, as quais asseguram a esmagadora maioria das missões de socorro em Portugal.

Por outro lado, ambulâncias do INEM são estacionadas onde já existe outra dos bombeiros, duplicando os meios de forma inútil, sendo muitas vezes guarnecidas por tripulantes que têm uma formação inferior à ministrada na Escola Nacional de Bombeiros, pelo que não apresentam qualquer melhoria qualitativa nem oferecem melhores serviços às populações.

O conflito entre a LBP e o Ministério da Saúde, que tutela o INEM, tem-se arrastado, com os bombeiros a acusar o ministério de tentar implementar uma rede paralela de emergência pré-hospitalar na qual são subalternizados ou, pura e simplesmente, excluidos.

Com a LBP a ameaçar, mais uma vez, abandonar o sistema, uma nova reunião com a secretária de Estado da Saúde veio colocar novamente o assunto na ordem do dia, através da possibilidade de discutir as divergências numa nova sequência de encontros a calendarizar.

O recurso aos bombeiros como mão de obra barata e descartável, substituidos sempre que possível pelas SBV ou SIV do INEM e utilizados apenas como um complemento quando não há outra alternativa, bem como a secundarização a nível de encaminhamento, há muito que cria atritos e mantém um conflito latente.

A LBP pretende que exista uma política de cooperação e de complementaridade baseada em princípios de equidade e de objectividade, sem que os meios do INEM tenham um tratamento de previlégio quando em situações comparáveis, sendo patente que o cada vez maior centralismo do Ministério da Saúde está a comprometer um relacionamento necessário para a segurança e o socorro das populações.

A actual política governamental, onde o socorro através do INEM deveria compensar o encerramento de unidades ou valências na área da saúde, tem sido por diversas vezes criticado, já que estamos diante de áreas diferentes e confundir o socorro ou a emergência pré-hospitalar com os cuidados a serem prestados em unidades de saúde compromete o sucesso de qualquer estratégia.

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