domingo, fevereiro 17, 2008

Portugal está "preparado para combater" os fogos


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Um incêndio em fase de extinção

O ministro da Administração Interna (MAI), Rui Pereira, garantiu que Portugal está "preparado para combater" os fogos florestais que ocorram durante este ano

Para o titular do MAI a coordenação de meios na Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) tem melhorado, existindo "uma boa cooperação entre todos os agentes de Protecção Civil".

Segundo o ministro, a disponibilidade de 56 aeronaves, entre helicópteros e aviões, e de 9.500 efectivos é garantia de uma adequada preparação para combater os incêndios florestais.

Rui Pereira fez estas delarações no termo de uma visita ao Centro de Estudos e ao Laboratório sobre Incêndios Florestais, sedeado na Lousã, dirigido pelo professor Domingos Xavier Viegas da Universidade de Coimbra (UC), que lembrou a existência de mais de uma vintena de aviões pesados na Grécia os quais não conseguiram evitar a tragédia que se viveu no Verão passado.

Na altura, foi assinado um protocolo de colaboração entre a Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), uma unidade de investigação com autonomia no seio da UC presidida pelo professor Xavier Viegas, e a ANPC, representada pelo seu presidente, general Arnaldo Cruz.

É, efectivamente, uma realidade e uma evidência que perante um conjunto de circunstâncias e de factores, como os que se verificaram na Grécia, o número de meios e de efectivos é sempre insuficiente quando não houve um trabalho prévio em termos de prevenção e de ordenamento do território.

Sabemos que a coordenação e a primeira intervenção tem vindo a melhorar, mas será ainda mais decisivo o facto de muitas das áreas devastadas pelas chamas em anos anteriores constituirem barreiras naturais, capazes de, em conjunto com outros obstáculos, conter o avanço das chamas, compartimentando-as e evitando muitos incêndios de grandes dimensões.

Considerar que um conjunto de recursos, mesmo que aparentemente adequados, podem compensar a falta de investimento no planeamento e no ordenamento do território, a cada vez maior desertificação do Interior ou as cada vez mais evidentes alterações climáticas, corresponde a assumir um risco que vai depender de um conjunto de factores que, efectivamente, ninguém controla, pelo que tanto podemos ter a sorte do ano passado, como passar por uma situação semelhante à que os gregos experimentaram na mesma altura.

A problemática dos incêndios florestais não pode continuar a ser encarada de forma sectorial ou parelar, mas numa perspectiva integrada e abarangente, que não se restrinja a um mero esforço de combate, mas, sobretudo, a criar condições para que uma luta desigual onde há sempre perdas e prejuizos não venha sequer a ocorrer.

2 comentários:

Paulo Ferreira disse...

Não quero ser do contra, esses 9.500 maioritariamente são as equipas dos GPIS e GAP, criadas nos corpos de Bombeiros, a mão de obra barata dos SNBPC, muitas das vezes usada como carde para canhão, sujeitando-se a tudo e a todos , muitas das vezes a baixo da dignidade humana, e pelo o que eu tenho reparado cada vez são mais os Bombeiros credenciados se recusam a efectuar esse serviço.

Formação, somente existe aquela que é dada nos quartéis pelos chefias, mesmo assim somente para alguns, os cursos de combate a incêndios florestais e o curso de chefe de combate a incêndios florestais, que era dado no centro de formação da Lousã aos Bombeiros, já a vários anos que não e administrada nenhuma formação aos Bombeiros, pelo menos desconheço que exista essa formação, existe formação mas nenhuma é para os Bombeiros, pelo o que dizem os formadores que constatam essa situação, assim facilmente se pode dizer que os Bombeiros portugueses não tem formação, pelo menos formação credenciada não existe.

Nuno Cabeçadas disse...

Infelizmente, este número de 9.500 é o somatório de um conjunto de parcelas indiscriminadas e que incluem tudo o que possa engrossar o volume de efectivos.

Se bem me lembro, no ano passado foram incluidos desde vigilantes da Natureza até bombeiros, passando por militares e pessoal dos CDOS.

Em termos de formação, há uma manifesta falta de capacidade que deriva de inexistência de vontade política e da primazia dada aos GIPS e a outras entidade, deixando os bombeiros de fora.

Um abraço