quinta-feira, abril 24, 2008

Estatísticas de homícidios solucionados no Expresso


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Algumas armas apreendidas em Inglaterra

Surgiu no Expresso uma interessante estatística sobre a percentagem de resolução de crimes de homícidio em Portugal, colocando-nos a par de outras países europeus e dos próprios Estados Unidos.

Os números que apontam para a resolução de dois em cada três casos de homicídio são, no entanto, pouco esclarecedores, porque não analisam a complexidade de cada crime, limitando-se a uma abordagem generalista que pode esconder a realidade, facilmente manipulável quando se recorre a uma análise estatística meramente quantitativa.

Uma abordagem qualitativa é, portanto, absolutamente necessária, de modo a que o crime passional ou por vingança, cometido num impulso momentâneo, sem preparação nem um planeamento que permita esconder o sucedido seja analisado, mesmo do ponto de vista estatístico, de forma diversa da de um homícidio onde existe um cuidade e um profissionalismo que o torna difícil de investigar.

Sem o cruzamento de dados que exigem alguma forma de tipificação das circunstâncias, de modo a que a análise não seja apenas quantitativa, mas também qualitativa, não temos a possibilidade de avaliar qual a verdadeira competência técnica dos investigadores criminais portugueses, criando assim a ilusão de que uma dada percentagem indiscriminada de homicidas será identificada.

A análise em termos qualitativos, introduzindo critérios simples, que inclusivé podem ter a ver com o tipo de investigação necessária, que pode ou não incluir a necessidade de análises periciais, ou o período de tempo abrangido pelas diligências, bem como o tipo de meio utilizado, pode fornecer um conjunto de dados que, sem grandes polémicas, darão uma ideia de quais os homícidios que contribuem positivamente para as estatísticas e os que as fazem pender para o lado do insucesso.

Inclusivé, uma estatística a nível temporal, normalmente directamente dependente da complexidade da investigação, associando o prazo após o crime com a possibilidade de o autor ser identificado, poderia dar uma ideia algo aproximada das limitações com que se depara o sistema de investigação criminal português.

Sem introduzir este factor qualitativo, as estatísticas que, colocam ao mesmo nível um crime ocorrido no seio de uma família, normalmente pouco complexo, e a criminalidade organizada de que os crimes relacionados com os negócios da noite do Porto ou o atentado junto do bar "O Avião" são exemplos conhecidos, perdem-se em generalidades e a sua utilidade, mais do que informar, escamoteia a realidade.

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