segunda-feira, maio 12, 2008

Armas nas escolas: as estatísticas não mentem, mas enganam


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Campanha canadiana contra o bullying

As estatísticas são algo de particularmente engraçado, que permitem, sem mentir, dizer o que se quiser, usando os dados disponíveis de acordo com os critérios que melhor justifiquem a conclusão que se pretende alcançar.

Esta é uma das poucas ciências que permite partir das conclusões para as causas, construindo toda uma teoria aparentemente inabalável, usando e abusando de números supostamente fidedignos e, sem grande oposição ou contestação, fazer afirmações que se podem contradizer entre sí ou ser desmentidas pela realidade.

A questão das armas nas escolas, cujos números foram divulgados pelo Procurador-Geral da República, com base numa ineficaz lei das armas, que persiste em considerar como armas réplicas ou simples brinquedos, conforme é mais conveniente para as estatísticas das forças policiais que, assim, podem vangloriar-se de uma eficácia que não possuem, veio assumir uma aparente gravidade, mas, para que as conclusões sejam as mais correctas, convém identificar os modelos de armamento apreendidos e averiguar das suas reais capacidades como instrumento de agressão e de intimidação.

Não temos dúvidas que muitas, senão a maioria das chamadas armas de fogo apreendidas são réplicas ou simples brinquedos, sendo que aqui a destrinça pode ser algo dúbia, pois a reprodução exacta ou a simples aparência de algum realismo determina a classificação da mesma, entrando num campo de subjectividade que facilita a manipulação.

Surge agora o problema estatístico, pois se para a polícia convém considerar cada réplica ou brinquedo como uma arma, para o ministério da Educação a situação é oposta e apenas as armas reais, que podem ser usadas como tal, serão classificadas dessa forma.

Teremos, pois, uma flagrante descrepância de números, com a verdade em termos formais do lado da polícia e a verdade objectiva, de acordo com o senso comum, do lado do ministério da Educação que, sejamos honestos, usa o critério que o próprio Estado, nas leis que promulga, devia seguir.

No entanto, como não podemos usar dois critérios e aquele que terá de pervalecer é o que consta da legislação em vigor, então sim, é verdade que existem crianças de seis anos que transportam armas de guerra para o interior das salas de aula.

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