Equipa do INEM durante uma missão
Relativamente à resposta dos bombeiros, a IGAS concluiu que não desempenharam correctamente os seus deveres e queexistiram falhas evidentes no desempenho do seu serviço, dando igualmente uma avaliação negativa à operadora do CODU que atendeu a chamada e tentou obter os meios de socorro, considerando esta deveria ter procedido com maior rapidez e eficiência.
A divulgação de informação confidencial nos meios de comunicação social é, obviamente, contestável, mas temos que considerar a necessidade de equilibrar duas vertentes, nomeadamente o direito à privacidade e à protecção de dados de uso reservado, e o dever de denunciar situações que necessitam de ser corrigidas e que, quase certamente, só o serão caso haja uma pressão da opinião pública.
Não temos dúvidas de que existirão inúmeros casos semelhantes ao que ocorreu em Alijó e que serão pura e simplesmente ocultados, pelo que, ponderando os prós e os contras, consideramos que houve uma primazia do valor fundamental de divulgar uma situação comprometedora para a segurança dos cidadãos ao denunciar o sucedido em Alijó.
Lamentamos que do relatório da IGAS não constem medidas no sentido de corrigir o extenso conjunto de problemas patentes neste incidente e que se concentre, essencialmente, em punir os intervenientes, sem avaliar das suas condições de trabalho, formação, e do cenário resultante do encerramento de unidades de saúde sem que as alternativas estivessem operacionais.
Este caso de Alijó, independentemente da legitimidade dos métodos usados para o divulgar, foi essencial para expor um conjunto de situações que demonstram a fragilidade do sistema de socorro em Portugal e as consequências do encerramento de unidades de saúde antes de serem abertas alternativas, dando início a uma longa série de denúncias que em muito contribuiram para acabar com alguns mitos e expor o País real.
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