quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Bombeiros não receberam despesas de fogos florestais de 2005


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Viatura dos Sapadores de Coimbra destruida

O Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) ainda não ressarciu as associações e corpos de bombeiros das despesas relacionadas com o combate aos fogos florestais, denunciou ontem a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).

Segundo Rama da Silva, do conselho executivo da LBP, tratam-se de despesas relacionadas com a reparação de viaturas e com a reposição de equipamentos, por exemplo mangueiras e agulhetas, efectuadas no período alargado de fogos florestais do ano passado, correspondendo a uma verba entre 3 a 4.000.000 de euros.

"Estão a ser afectadas duas centenas de associações, que têm a receber uma média de 15 a 20.000 euros cada", explicou aquele dirigente.

As despesas relacionadas com os fogos florestais costumavam ser pagas pelo SNBPC nos meses de Outubro e Novembro, mas desta vez isso ainda não aconteceu, o que estará a afectar o fecho de contas e a pôr em causa a "sanidade financeira" das associações.

"Não há um calendário estabelecido para que o pagamento seja feito", disse Rama da Silva ao Correio da Manhã, lamentando que, além disso, "não há quem explique e assuma que não há dinheiro para pagar aos bombeiros".

Também ontem, o presidente do conselho executivo da LBP, Duarte Caldeira, criticou o Estado por "pagar tarde e a más horas" e por não haver "uma estratégia para a protecção e socorro em Portugal".

Para além de desmotivante, esta situação é também penalizante dado que é neste período que se prepara a próxima época dos incêndios, sendo que os meios perdidos deveriam ser repostos a tempo de utilizados em situações de treino.

Por outro lado, a aquisição de material específico pressupõe encomendas planeadas, prazos de entrega longos e um período de adaptação, sendo um processo mais moroso do que as vulgares compras a que podemos estar habituados.

Assim, do atraso no pagamento pode resultar uma diminuição da capacidade operacional que se refletirá no desempenho durante o próximo Verão, facto tanto mais grave quando se verifica que as políticas governamentais não seguem um rumo certo.

Este último aspecto é, sem dúvida, o mais grave e aquele de que poderão resultar consequências mais nefastas, seja pelo clima de desconfiança que se vive no sector do socorro, seja pelo adiar permanente de decisões, ou, simplesmente, pela falta de programas estruturados que envolvam a sociedade civil, da qual depende, em última análise, o êxito ou fracasso de qualquer política.

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