segunda-feira, março 06, 2006

Bombeiros contra comando militar


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SNBPC, GNR e bombeiros em operações de socorro

Os bombeiros do distrito de Coimbra aprovaram uma moção em que contestam a nomeação de um militar para o cargo de comandante operacional distrital.

Nesta moção, os bombeiros consideram que nas várias corporações "existem quadros com competência operacional e organizacional" para assumir aquele cargo.

O Presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra, Jaime Soares, disse, ao Jornal de Notícias, que "para já, não há razão para avançarmos com qualquer atitude de contestação pública, porque acreditamos que haverá bom senso".

Contudo, adiantou que "não se pode admitir que venha alguém comandar que sabe menos em comparação com os bombeiros, os quais têm cursos e muita prática".

"Nada nos move contra os militares ou a GNR", ressalvou Jaime Soares, mas garantiu que os bombeiros "não vêem com bons olhos uma situação de estarem sujeitos a um comandante militar".

Por isso, defende que o comandante operacional distrital "deve ser oriundo dos corpos de bombeiros".

Recordamos que o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil tem intenção de colocar militares nos comandos operacionais distritais, não obstante as críticas e reacções negativas dos bombeiros, perante o que Jaime Soares pede que "haja sensatez, diálogo e boas soluções".

Entretanto, quatro comandantes, entre os quais Jaime Soares, apresentaram o respectivo pedido de demissão, em protesto contra esta possível decisão do SNBPC, recusando ser comandados pelos mesmos oficiais a que, provavelmente, terão de dar instrução.

Tal como mencionamos no caso da chefia do SNBPC consideramos que o facto de ser militar ou civil não deveria ser tido em conta, mas tão somente a capacidade do nomeado, de igual forma defendemos que a nomeação de comandantes operacionais distritais militares, apenas devido ao seu estatuto, não faz qualquer sentido.

Assim, substituir operacionais experientes por militares sem a mesmo nível de experiência e conhecimentos no combate a fogos florestais, para além de ser um princípio que perverte qualquer lógica de competência, coloca em risco quem participa nas missões de socorro e não protege devidamente as populações.

Este é, infelizmente, um assunto a que certamente voltaremos, dado que a militarização de uma estrutura que deve ser civil está a provocar um manifesto mal-estar junto dos Bombeiros, entidade fundamental para o funcionamento do socorro em Portugal.

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