domingo, abril 02, 2006

10.000 jovens vão proteger a floresta


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Jovens em passeio numa floresta: lúdico e ineficaz

10.000 jovens vão participar este ano em acções de protecção da floresta, ao abrigo de um protocolo celebrado, em Condeixa-a-Nova, entre a Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF) e o Instituto Português da Juventude (IPJ).

Através do Programa de Voluntariado Jovem para as Florestas, que corresponde a um investimento de 1.500.000 de euros, as duas entidades pretendem "valorizar a prevenção aos fogos florestais junto de aglomerados populacionais e áreas habitacionais identificadas nas propostas técnicas dos planos de defesa da floresta municipais e intermunicipais".

O protocolo visa "a participação directa nas acções de protecção, preservação e prevenção de 10.000 jovens residentes em Portugal continental", refere uma nota do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas.

Concretizando, esta cooperação entre a DGRF e o IPJ consiste basicamente na realização de acções de sensibilização das populações e limpeza e manutenção dos espaços florestais de recreio.

A cerimónia de apresentação e assinatura do protocolo realizou-se no Salão Nobre da Câmara Municipal de Condeixa, distrito de Coimbra, e foi presidida pelos Secretário de Estado da Juventude, Laurentino Dias, e do Desenvolvimento Rural e das Florestas, Rui Nobre Gonçalves.

Para além do envio de uma mensagem política e de uma hipotética sensibilização dos participantes e das populações, que ocorre em áreas onde estas já estão mais do que alertadas para os incêndios que as vitimam anualmente, esta é um iniciativa que se repete com uma manifesta falta de resultados práticos.

Neste momento, foram assinados os protocolos e feito o anúncio, mas a fase de inscrições ainda não teve início, provavelmente porque as estruturas necessárias e a respectiva dotação orçamental ainda não estão disponíveis.

Objectivamente, não se está a reforçar nem o patrulhamento, nem a ocupação de áreas florestais, algo impossível de se fazer eficazmente sem meios de transporte, comunicações e orientação, que não pode ser feito por menores, tal o risco que estas actividades envolvem.

Fazendo as contas, estamos a falar de 150 euros por cada participante, presumivelmente para uma semana de actividade, cujos contornos ainda não estão detalhados, mas de cuja eficácia e utilidade duvidamos.

Mesmo admitindo que seja mais dispendioso por cada participante envolvido, excluindo patrocínios e recurso à Lei do Mecenato, temos alternativas que são francamente mais eficazes, envolvendo soluções de mobilidade, comunicação, coordenação e formação a nível tecnológico, capazes de um muito maior efeito a nível de prevenção de incêndios florestais.

Por estas razões, interrogamo-nos porquê dispender desta forma 1.500.000 de euros que tanta falta fazem a corporações de bombeiros, a instituições ou a programas e projectos onde existe uma infraestrutura, "know-how" e planeamento diferentes, que constituem soluções francamente mais inovadoras, as quais permitem umas férias diferentes a nível familiar e um maior desenvolvimento do Interior.

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