sábado, junho 21, 2008

Uma política errada que não é corrigida


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Uma cada vez mais rara área florestal

O secretário de Estado da Protecção Civil, José Miguel Medeiros, deslocou-se à Lousã na quarta-feira passada para conhecer os meios aéreos disponíveis para a luta contra os incêndios florestais, tendo aproveitado a ocasião para tecer algumas considerações relativamente ao papel que a economia tem na prevenção dos fogos.

Para este governante, a alteração da estrutura demográfica, com o consequente abandono de largas áreas do Interior por parte dos mais novos e qualificados, restanto apenas uma população envelhecida, é uma das causas da falta de sustentabilidade económica da floresta e do seu abandono.

Há muito que insistimos na estreita ligação entre o desenvolvimento do Interior do País, nas suas diversas vertentes, como factor decisivo na prevenção dos incêndios, sobretudo porque a política actual, com encerramento de serviços e valências têm minado a confiança das populações, levando-as a crer que residem em áreas sem sustentabilidade e onde o investimento do Estado se resume a vias de comunicações que, mais do que aproximar, criam autênticas rotas de fuga.

Efectivamente, se atentarmos aos investimentos realizados, maioritariamente no Litoral, e aos desinvestimentos, traduzidos no encerramento de unidades de saúde, tribunais e outros serviços públicos, existe uma pressão crescente para as populações mais jovens e qualificadas se deslocarem para os grandes centros urbanos, resultando no abandono do Interior, de uma vulnerabilidade de uma significativa parte do território e, em consequência, a necessidade de defender a floresta através de medidas que, de outra forma, poderiam ser evitadas ou reduzidas a uma expressão mínima.

Dificilmente se pode obrigar, independentemente da existência de leis draconianas que não são cumpridas pela maioria, quem não tem possibilidades económicas ou força física a limpar áreas florestais e, menos ainda, a investir no seu ordenamento, vertentes essenciais para a protecção das mesmas, pelo que, na ausência de uma prevenção estrutural, a opção é gastar em meios de combate aos fogos.

Enquanto as políticas continuarem esta orientação que tem comprometido a sustentabilidade do Interior, haverá investimentos significativos em meios de combate, numa estratégia de controle de danos sem perspectivas de futuro, resultando na diminuição sucessiva da área florestal até se alcançar um limite em que a sua defesa será quase inútil.

2 comentários:

Reinaldo Baptista disse...

O secretário de estado da protecção civil, José Miguel Madeiros, tem mostrado uma correcta visão da situação em varias vertentes do socorro a nível nacional, ainda me lembro de uma frase dita por ele: sou somente um secretário de estado, sou obrigado a seguir politicas do governo, onde muitas deles não fazem qualquer sentido lógico

Nuno Cabeçadas disse...

Olá

O maior problema deste e de outros governos é que existe uma falta de visão integrada do País, pelo que políticas sectoriais, mesmo quando os responsáveis têm ideias correctas, tendem a falhar.

Um dos actuais secretários de Estado é um amigo de há longa data, sempre teve uma visão do que pretendia e não consegue executar o seu projecto. A dúvida que subsiste é se, nestas condições, se deve permanecer integrado num Governo que tem uma linha global que compromete os esforços individuais.

Um abraço