Habitação em chamas no Verão de 2005
Os 94 grandes incêndios, com área superior a 500 hectares, que se registaram em 2005, representaram 70% da superfície total queimada, face aos pequenos e médios incêndios que, embora correspondam a 99,7% do total de fogos, foram responsáveis por menos de 30% da área ardida.
No total, durante os últimos cinco anos, arderam em Portugal mais de um 1.000.000 de hectares, que correspondem a 20% do total da área florestal, sem que houvesse verdadeira medidas estruturais capazes de os prevenirem ou, pelo menos, de os combaterem com eficácia.
O projecto "Floresta Verde" preconiza a adopção de 15 medidas distribuídas por três áreas de actuação:
1. Prevenir, reduzindo o número de ignições.
2. Detectar, reduzindo o tempo entre o início do incêndio e o combate ao mesmo.
3. Combater, reduzindo o tempo entre o início do combate ao fogo e a extinção do mesmo e eliminando reacendimentos.
O relatório, elaborado pela consultora McKinsey, concluiu que a redução do número de grandes incêndios passa essencialmente pela actuação conjugada em duas frentes:
1. Garantir uma chegada mais célere dos meios ao incêndio.
2. Assegurar uma extinção mais rápida, aplicando a estratégia do "golpe único".
Verificou-se estatisticamente que apenas oito minutos de diferença entre a chegada de meios separam um grande de um pequeno incêndio porque, conforme lembrou o Ministro António Costa, "cada minuto que se perde, é uma área ardida que aumenta".
O plano recomenda ainda campanhas de sensibilização, centradas na punição contra os fogos postos, em detrimento da informação.
Esta visão, acaba por ser redutora, pois o problema dos incêndios florestais é estrutural, e não se combate apenas com uma maior eficácia por parte das entidades responsáveis, que por mais meios que tenham ao seu dispor, nunca evitarão em absoluto a continuação dos fogos.
Também está demonstrado que a sensibilização com base na ameaça de punições, é de resultados mais do que duvidosos, como se pode verificar, por exemplo, com a agravação de penas no Código da Estrada e nas escassas melhorias verificadas a nível do respeito pelas regras do trânsito, uma vez passado o temor inicial.
Infelizmente, o relatório perde-se em generalidades, sem apresentar soluções inovadoras e concretas, nem uma visão integrada da problemática dos incêndios florestais, razão pela qual nos interrogamos relativamente ao seu interessse real e ao facto de o Governo ter adiado medidas à espera da divulgação deste documento.
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