Entrada do Ministério da Administração Interna
A Liga acusa o Governo de tratar os bombeiros como "meros números" e avisa que, quando chegar o Verão, pode não haver voluntários suficientes para integrar os dispositivos distritais e nacional.
O ministro António Costa apela ao fim das "guerras de capela" e assegura que não há ninguém "nem acima nem abaixo dos bombeiros".
"Nós não somos um grupo de rapazes endiabrados", disse ontem ao Correio da Manhã Duarte Caldeira, Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP). "A estrutura do dispositivo de protecção civil sustenta-se em 90% nos bombeiros. Qual é a aposta que o Governo quer fazer nesta força?"
Enquanto se esperam respostas, explica Duarte Caldeira, a LBP vai promover até 7 de Abril uma série de encontros regionais com as corporações de bombeiros.
"Neste momento estamos cansados. Chegou a altura do murro na mesa", assegura o presidente da LBP. "As condições para existir voluntariado para os dispositivos distritais e nacional podem não ficar reunidas", admite Duarte Caldeira, de que pode resultar não haver bombeiros dispostos a combater incêndios para lá da sua área de intervenção, seja freguesia ou concelho.
Os dispositivos distritais ou nacionais, apresentados anualmente e que actuam como colunas de reforço nos maiores incêndios, são compostos por elementos voluntários das corporações, que, segundo o Presidente da Liga "são esses voluntários que podem não aparecer".
Mesmo recusando "estar em guerra com a GNR", o presidente da LBP socorre-se com frequência de comparações com o Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR, para sublinhar as suas dúvidas.
"O GIPS actua na primeira hora de cada incêndio. Se o fogo não for controlado, serão os bombeiros a ir para o terreno. Como se vai fazer a transferência de comando? Por outro lado, a GNR vai actuar nos cinco distritos de risco mais elevado totalmente equipada. Os outros 13, incluindo cinco de risco médio, ficam para a primeira intervenção dos bombeiros. Mas, até agora, não houve uma única palavra sobre os meios que vão ser atribuídos", diz Duarte Caldeira.
"Na directiva operacional os papéis vão estar bem definidos", disse o Ministro da Administração Interna, recusando qualquer polémica e sublinhando que a LBP tem trabalhado com o Governo.
Na semana passada, como noticiamos, vários comandantes de bombeiros do distrito de Coimbra demitiram-se por recusarem ser comandados por militares da GNR nas estruturas distritais de protecção civil.
Anteontem, Dia Mundial das Florestas, António Costa revelou que o combate às chamas vai apostar, este ano, em quatro vertentes: melhor vigilância e mais fiscalização, melhor detecção, intervenção mais rápida e extinção mais rápida, num ano que vai marcar a estreia dos 315 militares do GIPS, largados de helicóptero para o combate inicial às chamas.
Hoje, o Conselho de Ministros vai aprovar o Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios e o Ministro da Agricultura, Jaime Silva, adiantou que, ao contrário do que foi proposto por especialistas do Instituto Superior de Agronomia, não será criada qualquer empresa para gerir a protecção das florestas, facto que sempre contestamos.
Quando tivermos acesso às medidas anunciadas pelo Governo no ambito da prevenção e combate aos incêndios florestais, depois de devidamente analisadas, emitiremos a nossa opinião, certos de que só após a pacificação do sector, as mesmas produzirão os efeitos desejados.
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