sábado, julho 29, 2006

400 hectares destruidos no Parque Natural do Guadiana


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Uma das muitas espécies do Parque

Cerca de 400 hectares de habitats considerados prioritários na zona de protecção máxima do Parque Natural do Vale do Guadiana (PNVG) foram destruídos por um incêndio que lavrou no concelho de Serpa foi combatido por 128 homens e 38 viaturas de 11 corporações de bombeiros do distrito de Beja, além do helicóptero de ataque rápido sedeado em Ourique.

O incêndio, que só foi extinto quase 24 horas depois de deflagrar, atingiu, além do PNVG, uma vasta área perto da localidade de Vale do Poço, ainda não quantificada pela Guarda Nacional Republicana.

Pedro Rocha, director do PNVG, adiantou que as chamas destruíram entre 350 a 400 hectares de uma zona de floresta composta essencialmente azinheiras, sobreiros, oliveiras e vegetação ribeirinha, na zona de protecção máxima, uma das quatro mais importantes do Parque, onde existem "habitats" considerados prioritários.

A área ardida, disse, inclui-se numa zona de vegetação diversa e abundante que serve de refúgio e "habitat" privilegiado de espécies como o gato preto, o javali e o toirão, um pequeno carnívoro aparentado com o furão que se encontra em vias de extinção, podendo ainda comprometer a instalação, na zona, de um casal de cegonhas pretas que tinha sido avistado a sobrevoar aquelas linhas de vegetação ribeirinha.

As chamas destruíram também "importantes linhas de vegetação ribeirinha" nas margens da ribeira de Limas e dos seus afluentes, o barranco do Beiçudo e a ribeira de Alfamar, compostas por espécies de flora protegidas como os salgueiros, silvas, freixos e loendros.

"Trata-se de vegetação essencial na cadeia alimentar de peixes que só existem naquelas ribeiras, como a boga do Guadiana, o barbo e o caboz de água doce", exemplificou Pedro Rocha.

"A zona ardida parece uma autêntica paisagem lunar", descreve, alertando ainda para os "graves efeitos futuros" das cinzas e da erosão dos solos nas águas das ribeiras, "que poderão afectar a cadeia alimentar dos peixes".

Esta é mais uma importante área que se perde e cuja recuperação deverá ser prioritária, dado o número de espécies que dela dependem, algumas das quais em vias de extinção.

Serve também para lembrar que as acções de prevenção em áreas protegidas, mais complexas de planear de modo a não prejudicar os "habitats", devem ser previlegiadas e planeadas com grande antecedência, sendo que neste caso tende a haver mais voluntários disponíveis dado o interesse particular que estas despertam.

Fica aqui a sugestão ao PNVG de, com a necessária antecedência, propor um conjunto de actividades que, sem dúvida, terão o devido acolhimento por parte de quem se interessa pela protecção da vida selvagem.

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