domingo, julho 23, 2006

Os culpados do costume...


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As prisões nunca são para os verdadeiros culpados

É sempre considerado como "fogo posto" quando um incêndio resulta de alguma forma da acção humana, dando a crer que houve um certo grau de intencionalidade no começo das chamas.

Na verdade, nem sempre é assim e na maioria dos casos foi apenas uma falta de atenção ou de conhecimentos, aliada ao tradicional facilitismo dos portugueses que originou a maior parte das ocorrências.

No caso concreto do incêndio que vitimou seis bombeiros, trata-se de um evidente caso em que não há intencionalidade por parte de quem operava uma máquina agrícola, concretamente uma motoroçadora, de onde sairam algumas fagulhas que originaram o trágico fogo.

Mesmo estando proibido o uso tipo de equipamento durante esta época sem dispositivo de contenção de faíscas ou chamas, tudo aponta para negligência, que nada tem a ver com os títulos dos jornais onde o sensacionalismo aponta para o agricultor de 19 anos, que estava a limpar um terreno, como um assassino convicto.

Com isto não se quer dizer que não haja culpa nem culpados, mas tão somente que a visão redutora e facilitista a que nos habituamos aponta para o elo mais fraco e mais vulnerável, esquecendo todas as circunstâncias que rodearam este trágico acidente e que só serão apuradas após a conclusão do inquérito.

No entanto, podemos, desde já, sem mencionar casos concretos, apontar para razões estruturais que levam ao abandono dos campos, falta de limpeza, incumprimento da lei, falhas a nível de coordenação, inexistência de formação adequada, e tantas outras que deverão ser tidas em conta e apontar para os verdadeiros responsáveis pelos inúmeros incêndios que se verificam em Portugal.

Os próprios relatórios acabam por cair em generalidades, sem tocar nas razões estruturais, responsabilizando quem tem menos possibilidades de se defender ou já nem sequer o pode fazer.

Quando se reduz o um problema tão vasto a algumas fagulhas que saem de uma máquina agrícola, estamos a esquecer o essencial, a tapar o Sol com a peneira e a permitir aos verdadeiros responsáveis continuar a praticar impunemente os crimes que destroem este País há décadas.

Há efectivamente culpados, mas não são os que aparecem nas páginas dos jornais!

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