Um acidente de viação na Europa
Numa primeira abordagem, tal pode parecer derivar de uma posição corporativa, onde a defesa da instituição surge como prioridade, tentando responsabilizar factores externos de ordem técnica que dificilmente são identificáveis ou quantificáveis e relativizar a intervenção humana, normalmente subordinando-a a uma série de imponderáveis.
No entanto, esta atitude pode destinar-se a proteger os restantes envolvidos no acidente, já de sí traumatizados pela perspectiva de erro do qual pode ter resultado a morte ou ferimentos em colegas ou amigos e cuja situação convém não agravar sem provas do sucedido.
O processo que muitas vezes se verifica, onde a descoberta de um possível culpado parece ser a prioridade, muitas vezes descurando quer as consequências, quer a própria investigação do sucedido, continua a ser uma característica profundamente enraizada num País onde é hábito reclamar cabeças no calor do momento, para logo depois esquecer o sucedido.
Assim, é natural e talvez até positivo que, até à conclusão do processo de averiguações, o elemento humano seja, na medida do possível, excluido, evitando consequências gravosas que poderão levar à perda efectiva de mais elementos para além de eventuais vítimas da ocorrência.
Só após a conclusão do inquérito, e se este apontar decisivamente no sentido de uma responsabilidade individual, esta deverá ser mencionada, sempre com a necessária cautela de modo a que, sem escamotear o sucedido, sejam adoptadas as medidas necessárias de modo a evitar que algo de semelhante ocorra e a, caso seja necessário, responsabilizar quem, pela sua acção, deva ser sancionado.
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