quarta-feira, outubro 25, 2006

MAI admite comprar 4 Canadair e 2 Beriev


Image Hosted by ImageShack
Beriev Be-200 durante uma largada

O Ministério da Administração Interna (MAI) admite a aquisição de quatro aviões Canadair e dois Beriev Be-200 para o combate aos fogos florestais e para outras missões da Protecção Civil, num investimento de cerca de 80.000.000 de euros.

A decisão sobre uma eventual aquisição do Beriev, que esteve em teste entre Junho e Agosto últimos, só será efectuada após a avaliação estar concluida e dependerá da relação custo/benefício, que também envolve a questão do pagamento da dívida soviética para com o nosso País.

Entretanto, a investigação do acidente sofrido pelo Be-200, em Julho na barragem da Aguieira, quando o hidroavião embateu na copa das árvores, conclui que este se deveu a falha humana derivada de "um erro de planeamento".

Segundo uma fonte do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreos (GPIAA), cujo relatório, após várias demoras, estará concluído no final do mês, "o mapa estava desactualizado" e só após uma comparação com a carta militar da zona foi detectado o erro.

O director executivo da Aeronova, empresa que representa a marca Beriev no País, Paulo Galacha, admitiu que houve um erro de planeamento, adiantando que já tinham sido efectuados outros cinco reabastecimentos com base nos mesmos mapas antes do acidente na barragem da Aguieira.

Testado em Itália pela Protecção Civil, o relatório sobre o desempenho do Be-200 aponta para a necessidade de modificações estruturais, como a introdução de travões aerodinâmicos, para reduzir a velocidade durante abastecimento nas barragens.

O Beriev, segundo a Protecção Civil italiana que o testou durante dois anos num cenário mais favorável que o nosso, tem limitações no combate aos incêndios, nomeadamente em termos de manobra e na necessidade de grandes lençois de água que permitam o seu reabastecimento completo.

A opção em Itália, de manter os Canadair e complementá-los com o Be-200 poderá ser seguida pelo Governo português, mas nessa situação levantam-se problemas de custo a nível de mantuenção, formação de equipagens e pessoal de terra, "stocks" de peças e outros ainda a quantificar.

Por outro lado, recordamos que em Itália as condições de operação eram francamente mais favoráveis ao Be-200, com possibilidade de reabastecer no Mediterrâneo, algo que é virtualmente impossível no Oceano Atlântico devido à ondulação normal que aí se verifica.

No entanto, o mais grave desta questão deriva do mencionado erro de planeamento, absolutamente inadmissível a este nível e que poderia ter resultado numa verdadeira tragédia para a tripulação e para quem se encontrava em terra.

Planear um voo sem o recurso a mapas militares, facilmente obteníveis, ou de imagens de satélite das zonas em questão, disponíveis na Internet através de recursos tão conhecidos como o Google Earth, é algo que dificilmente pode ser crível e levanta as maiores dúvidas quanto ao que efectivamente se passou.

Neste caso, ou houve uma negligência absolutamente criminosa, ou se pretende atribuir a uma questão de planeamento algo que deriva de uma limitação natural da aeronave, concebida segundo requisitos do Ministério para as Situações de Emergência da Federação Russa e que se destina a operar em zonas cuja orografia difere em muito da nossa.

Concluimos que, no termo deste inquérito, são mais as dúvidas do que as certezas e recusamos que um erro de planeamento tão grosseiro possa servir como desculpa para um acidente que se deveu inteiramente a características de um avião que, sendo excelente para operar nas condições para as quais foi concebido, terá pouco a ver com a realidade nacional.

Sem comentários: