Aos casos recentemente ocorridos no concelho de Odemira, veio agora juntar-se a morte de um idoso de 72 anos na Serra da Estrela, local aonde se deslocara integrado numa excursão.
Após ter sido dado o alerta do desaparecimento, pelas 20:20, o Centro Distrital de Operações de Socorro activou um conjunto de meios da Guarda Nacional Republicana e dos bombeiros, que, não tendo encontrado a vítima, interromperam as buscas pelas 00:00.
Se considerarmos a demora entre o alerta, a preparação e deslocação de meios, o planeamento e o começo das buscas, podemos concluir que estas decorreram apenas durante escassas horas, sendo suspensas não obstante a evidência de que, esperando pelo dia seguinte, o desaparecido estaria morto, dada a impossibilidade de sobreviver uma noite sem equipamento adequado.
Lembramos que, quando estavam desaparecidos um grupo de escuteiros, que para além de uma melhor preparação e condição física, inerente à sua juventude, dispunham de tendas e vestuário apropriado, as buscas prosseguiram até à sua localização, entrando pela noite dentro, o que foi encarado com toda a normalidade.
Ao suspender as buscas deste idoso pelas 00:00, os responsáveis pelo que era suposto ser uma operação de salvamento, limitaram-se a aceitar a sua morte, pois se alguma hipótese ainda havia de resgatar o desaparecido com vida, esta desapareceu com a interrupção das operações de resgate durante a noite.
Independentemente das justificações, dos apelos à razão ou de qualquer consideração táctica, a opção foi no sentido de abandonar à sua sorte um cidadão idoso, condenando-o a uma morte certa, dado que não tinha qualquer hipótese de sobrevivência caso não fosse socorrido atempadamente.
Não podemos aceitar como justificação de, na altura em que foram interrompidas as operações, o desaparecido com todas as probabilidades, já estaria morto, pois na altura era impossível ter a certeza de que tal seria verdade e, mesmo que a autópsia o venha a confirmar, em nada diminui a responsabilidade de quem tomou a decisão.
Ninguém, e menos ainda aqueles que são responsáveis pelo socorro, tem o direito de determinar o termo ou a suspensão de um esforço de salvamento, não havendo riscos sérios para quem está envolvido na operação, sabendo que da sua decisão resulta a perda de uma vida humana que ainda havia a esperança de salvar.
E, se tudo isto passar impune, apenas se pode concluir que, afinal, a eutanásia já é legal entre nós.
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