Um incêndio activo durante a noite
Esta é a consequência de um elevado número de incêndios, considerado como anormal para esta época do ano, mas que vem na sequência de um tempo quente e seco e do levantamento de um conjunto de restrições que apenas vigoram no Verão.
Entre os reforços previstos encontram-se quatro helicópteros, dois a serem estacionados no Norte e dois no Centro e Sul do País, um reforço de 30 elementos do Grupo de Intervenção de Protecção e Segurança (GIPS) da Guarda Nacional Republicana e outro idêntico da Força Especial de Bombeiros.
Como complemento, vão ser disponibilizados em permanência 220 bombeiros e 48 veículos englobados em duas colunas nacionais de para acorrer aos incêndios nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real e Viseu.
Lembramos que, quando comparados com dados de 2006, as 1.647 ocorrências verificadas nos primeiros seis dias de Novembro correspondem a 24 vezes mais do que na totalidade do mês homólogo do ano passado.
Para a ANPC, este aumento tem a ver com "queimadas de sobrantes agrícolas" para "renovação de pastagens naturais", numa altura em que se verificam "situações meteorológicas de risco elevado", pelo que recomenda que sejam adoptados os cuidados impostos por lei durante o Verão e que seja "interrompida a utilização do fogo em actividades agro-florestais".
Esta recomendação surge no dia em que, mais uma vez, o número de incêndios activos se aproxima dos verificados durante os meses de Verão, com ocorrências sobretudo no Norte do País.
Destes incêndios, o que mobilizou mais meios e levantava maiores dificuldades era o de Campanhó, no concelho de Mondim de Basto, distrito de Vila Real, que começou perto da meia-noite numa zona florestal e era combatido por 224 bombeiros apoiados por 75 veículos.
Outro fogo em área florestal, em Couto, no concelho de Vouzela, distrito de Viseu, detectado perto das 07:30, continuava por circunscrever e mobilizava 123 bombeiros, apoiados por 33 veículos.
Finalmente, um incêndio em Loivos do Monte, no concelho de Baião, distrito do Porto, que começara pelas 22:19 de terça-feira era combatido por 58 bombeiros.
Estas foram as ocorrências mais graves de ontem, dia em que se verificaram incêndios em diversos distritos do Norte e Centro, de forma e em número análogo ao dos dias anteriores, pelo que se estranha que apenas agora, perante uma situação prolongada, a ANPC venha anunciar o reforço de meios e, sobetudo, a necessidade de não efectuar queimadas.
No respeitante à questão das queimadas, lamenta-se o atraso e a falta de divulgação de uma sugestão que devia ser uma imposição através de um mecanismo legal ligado ao nível de alerta e divulgada através da comunicação social.
O atraso na reacção da ANPC acaba por vir na linha do autismo do Ministério da Administração Interna, que ao minimizar a óbvia interligação entre os incêndios e as condições climáticas, tem agora que explicar quais as razões pelas quais os fogos voltaram num mês em que tal é relativamente raro.
Aparentemente, continua-se a querer negar o óbvio e, demonstradamente, verifica-se que Portugal continua extremamente vulnerável aos incêndios florestais, fruto de medidas desadequadas e de um trabalho de prevenção que continua a não ser efectuado.
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