quarta-feira, abril 09, 2008

A maioria dos Merlin está fora de serviço


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Um SA-330 Puma numa missão de resgate

Sete dos doze EH-101 Merlin adquiridos pela Força Aérea Portuguesa (FAP)para substituir os velhos SA-330 Puma, essenciais a missões de busca e salvamento, não estão operacionais devido a falta de peças para manutenção, segundo noticiou hoje a comunicação social.

O contrato de manutenção com a Agusta, empresa fabricante dos Merlin, ainda não foi assinado, pelo que esta não tem fornecido as peças necessárias para a manutenção periódica e para a operacionalidade destes meios aéreos, levando a FAP a equacionar a possibilidade de repor ao serviço quatro dos Puma.

Os Puma, usados desde o tempo da guerra Colonial, prestaram excelentes serviços, mas a sua antiguidade, custos operacionais e as limitações técnicas inerentes a uma aeronave concebida nos anos sessenta obrigou à sua substituição e, por razões financeiras, optou-se pela sua não reconversão, ficando armazenados como reserva enquanto se esperava pela sua venda.

Com a maior parte dos Merlin inoperacionais, a remontagem dos Puma e a sua utilização operacional surge como uma possibilidade real, a qual nos parecia algo de absurdo há pouco tempo

Esta situação, que reputamos de verdadeiro escândalo dadas as quantias envolvidas, faz-nos temer pela eficácia do socorro, sobretudo marítimo, mas também nos alerta para a forma como o Estado encara não apenas o reequipamento das Forças Armadas, mas também como trata um conjunto de meios essenciais para a segurança dos cidadãos.

Igualmente grave é a possibilidade desta postura poder ser idêntica no caso dos meios destinados à Protecção Civil, que recentemente adquiriu uma dezena de helicópteros, um dos quais foi perdido num acidente, e que também virão a necessitar de manutenção adequada, facto que aumentaria substancialmente a vulnerabilidade do País e comprometeria as missões de socorro que lhe estão atribuidas.

Adquirir meios dispendiosos corresponde a um investimento que não se extingue na altura da compra, projectando-se no futuro devido aos encargos resultantes da necessidade de mantê-los operacionais, pelo que deve ser equacionado numa perspectiva de longo prazo e alocados os meios financeiros necessários, sem o que estaremos diante de uma má gestão de dinheiros públicos e, como acontece no caso dos helicópteros, colocando em risco quem deles dependa para ser socorrido atempadamente.

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