domingo, fevereiro 26, 2006

Fogo evita-se com floresta funcional


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Fogo florestal no Verão de 2005

Uma "floresta funcional" para evitar os fogos é o conceito defendido no livro "Incêndios Florestais em Portugal Caracterização, Impactes e Prevenção", coordenado pelo Instituto Superior de Agronomia e anteontem apresentado em Lisboa.

"A raiz do problema nas regiões de reflorestação reside essencialmente no colapso das sociedades rurais tradicionais e na consequente perda de utilidade directa e abandono dos espaços silvestres", é um dos aspectos que constam de um trabalho incluído no livro João Rocha Pinto, Graça Louro e Susana Paulo, do Conselho Nacional de Reflorestação.

"Inversamente, a sua resolução implica assegurar novamente a valorização, o tratamento e a vigilância permanentes desses espaços, com a concepção de formas modernas de gestão do território", acrescentam.

Neste âmbito, sobressai na opinião dos três técnicos "a necessidade de garantir a gestão estratégica, e económica, dos combustíveis florestais, a construção de uma nova floresta mais resistente e resiliente aos fogos florestais e a correcta integração das actividades e infra-estruturas humanas nos espaços silvestres".

No prefácio à obra, João Santos Pereira, do Instituto Superior de Agronomia, afirma que "não vale a pena pensar que acabando a floresta de produção deixará de haver fogos", porque o mato representa "60% da área ardida na última década do século XX e 44% da área ardida nos primeiros cinco anos do século XXI".

Em 2003, segundo as estatísticas, o pior ano em termos de incêndios florestais em Portugal, foram devastados pelas chamas 425.706 hectares, enquanto em 2004, de relativa acalmia, os fogos destruíram 129.539 hectares e no ano passado, os fogos consumiram 325.226 hectares.

Embora contrariando a forma como são elaboradas as estatísticas, se ao invês de observar a área ardida for tida em atenção qual a percentagem da floresta restante que se perdeu, este último ano foi realmente o mais grave dos últimos anos, sobretudo se nos lembrarmos que a reflorestação não compensa as perdas anuais.

Por outro lado, em 2005 houve uma muito maior perda de vidas humanas, que poucos ousam recordar, tal a falta de medidas estruturais que foram tomadas para evitar que o mesmo suceda no futuro.

Na verdade, sempre que surge um novo estudo, sem menosprezar a importância do mesmo, ocorre-nos que praticamente já tudo foi dito e nada foi feito, razão pela qual não é com optimismo que perspectivamos a época de incêndios que se avizinha.

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