Incêndio florestal em Portugal no Verão de 2005
Esta área ardida foi das primeiros a ser incluida na estatística que revelará a área perdida neste ano em consequência de fogos florestais, e ocorre a um mês do arranque da época de combate.
No final deste mês termina o prazo de discussão pública de três documentos fundamentais para a regulamentação as actividades de socorro: a "Directiva Operacional de Combate aos Fogos", o "Plano Nacional de Defesa da Floresta" e o "Sistema Integrado de Operações de Protecção e Socorro".
"Os próximos dias são extremamente importantes. Há questões decisivas em fase de discussão", reconhece Duarte Caldeira, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, que mantém um braço de ferro com o Governo em relação ao sistema de combate aos incêndios.
Uma das questões a separar bombeiros e Governo é a principal novidade do dispositivo de combate a incêndios: o Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR que integra 315 militares, distribuídos por três companhias, a quem caberá o primeiro ataque aos incêndios.
Ao contrário da GNR, onde a preparação dos grupos está na fase final, a nível autárquico ainda há questões por resolver a nível do planeamento.
Segundo o Ministério da Agricultura, apenas 82 dos 308 concelhos do País têm planos municipais de defesa de floresta e, destes, só 19 em versão final.
Chegou a ser obrigatório os planos municipais estarem prontos até ao final do ano passado, mas, perante os atrasos generalizados, o prazo acabou por ser prorrogado, sinónimo do facilitismo que se vive em Portugal.
Ontem, à mesma hora em que as chamas deflagravam em Urrô, lançando setenta bombeiros no combate ao fogo, o Conselho de Ministros anunciava em Lisboa a adjudicação à Aeronorte do fornecimento, até 2008, de quatro helicópteros médios.
Há um mês, o Governo tinha já aprovado a adjudicação, para este ano, de seis helicópteros ligeiros e dois aviões pesados anfíbios.
O dispositivo de meios aéreos para este ano, apresentado em Dezembro do ano passado, prevê que a 15 de Maio estejam disponíveis seis helicópteros ligeiros e dois helicópteros médios e que na primeira quinzena de Junho, chegue um reforço de oito aviões ligeiros.
Até final do mês será também conhecida a decisão sobre os dez helicópteros ligeiros e médios que Portugal vai adquirir, mas estas aeronaves só deverão estar operacionais no próximo ano.
Estes atrasos, quer a nível da disponibilização dos meios aéreos, quer do planeamento, o que é muito mais grave, para além de causar um enorme mal estar junto dos bombeiros, prejudica a confiança das populações no dispositivo de combate aos incêndios e na capacidade do Estado em garantir a segurança de pessoas e bens.
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