sábado, fevereiro 09, 2008

Estudo denuncia fragilidades no combate aos fogos florestais


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Um incêndio nas proximidades de uma habitação

Já está em poder da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) o estudo realizado por Hermínio Botelho, do departamento florestal da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), onde são analisadas as falhas no combate aos fogos.

Neste documento considera-se que os meios disponíveis são adequados à realidade nacional, mesmo tendo em conta o clima, que parece estar a evoluir, levantando novas questões, e para as condições actuais, que infelizmente se degradam anualmente, fruto de políticas que potenciam o abandono de extensas áreas do Interior do País.

Apesar de, segundo o estudo, a primeira intervenção ter melhado bastante nos últimos anos, sobretudo devido à existência de meios aerotransportados, que permitem controlar algumas situações numa fase inicial, os problemas surgem quando a dimensão aumenta e surgem dificuldades a nível da avaliação da situação e da coordenação de meios.

O principal problema apontado pelo estudo é a falta de formação dos bombeiros portugueses e as deficiências a nível de coordenação, que dificultam o combate, não obstante a existência de efectivos e meios em número suficiente para o número de ocorrências verificadas.

O recurso a novas tecnologias, nas quais muitas vezes se deposita uma esperança ilusória, mas para as quais não houve nem sequer sensibilização, quanto mais formação, resulta na sua quase completa inutilidade, refugiando-se os comandos em métodos antigos com os quais se sentem mais à vontade.

Outro problema é a dificuldade de avaliar os recursos necessários, a que nós adicionamos a falta de um sistema de informação em tempo real que permita ter uma visão de conjunto e as deficiências no sistema de comando e controle, agravados por uma rede de comunicações ineficaz.

Entre as críticas é salientado o excessivo uso de água e o reduzido recurso a fogos tácticos ou corta-fogos, técnica usada pelos antigos Serviços Florestais e que caiu em desuso durante vários anos.

Relacionado com a formação, mas que deve ser analisado de uma forma independente, falta abordar os problemas relacionados com a logística, que se revela desastrosa em incêndios de longa duração, um sistema de rotação de pessoal na frente de incêndio e uma reserva adequada, incluindo efectivos, material e um escalonamento de meios.

É também sugerido que o estudo seja utilizado pela Escola Nacional dos Bombeiros, de modo a que sejam introduzidas as necessárias alterações curriculares e melhorar assim a formação ministrada.

Muitas das conclusões deste relatório vêm ao encontro do que aqui temos escrito, sendo que a questão da formação, sobretudo a nível dos escalões mais elevados de comando, que necessitam de usar um conjunto de ferramentas sofisticadas que permita uma melhor avaliação e seguimento da situação e a comunicação com as diversas unidades, muitas vezes extremante dispersas no terreno, essencial para melhorar o combate aos fogos e diminuir o risco deste tipo de missões.

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