segunda-feira, março 13, 2006

Mais críticas a militares no comando de bombeiros


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Bombeiros Voluntários de Bragança

A demora na divulgação da lista de comandantes distritais de operações de socorro e sobretudo a opção por nomear militares oriundos da GNR em quatro dos seis distritos onde há mudanças, está a deixar insatisfeitos diversos comandantes de bombeiros e autarcas.

Depois da contestação em Viana do Castelo, Viseu e Coimbra, que aqui noticiamos e comentamos, foi a vez de os protestos chegarem ao distrito de Bragança.

Adriano Reis, comandante dos Bombeiros Voluntários de Moncorvo, considera que a nomeação de militares para cargos de comando na estrutura de socorro significa que o Ministério da Administração Interna está a passar "um atestado de incompetência aos comandantes bombeiros do país", considerando que tudo isto "é a mesma coisa que um comandante dos bombeiros ir comandar um posto da GNR ou uma companhia no exército".

Segundo Adriano Reis "os militares não estão preparados para comandar uma estrutura desta natureza, que não é com estratégia militares ou bazucas que se combate o fogo".

Duarte Caldeira, Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, afirma já ter manifestado à tutela a sua "estranheza por esta demora" nas nomeações e diz considerar "perfeitamente desajustadas" as opções por militares da GNR em Coimbra e Viana do Castelo.

"A nossa posição é de solidariedade com os bombeiros. Particularmente o actual comandante de Viana do Castelo tem um currículo operacional e formação académica irrepreensíveis", sustenta o Presidente da Liga.

A nomeação de novos comandos decorre de uma recente alteração à lei orgânica do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, que noticiamos oportunamente e que já na altura foi contestada por diversas entidades envolvidas.

A escolha de militares foi um dos factores, entre outros, que contribuiu para a demissão de Bargão dos Santos, que presidiu ao Serviço durante apenas nove dias, acusado de tentar "militarizar" a estrutura do SNBPC e a acusação repete-se, agora dirigida ao seu sucessor, o também major-general Arnaldo Cruz.

A actual política de nomeações, tal como a legislação recentemente aprovada e da qual decorrem estas nomeações, para além de revelar uma enorme falta de tacto e de capacidade de diálogo, tem-se revelado como completamente desajustada da realidade, podendo, inclusivé, ser interpretada como uma falta de confiança da tutela nas capacidades de comandantes de bombeiros com muitos anos de experiência.

Sobre este assunto, que continuaremos a acompanhar, reiteramos as opiniões que temos vindo a exprimir ao longo destes últimos dias de contestação generalizada, as quais se encontram nos textos referentes a cada um dos distritos onde esta situação ocorreu.

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